A taxa média de juros para as famílias e as companhias atingiu, em fevereiro, 43,7% ao ano nas aprovações de empréstimos no crédito flexível. O desfecho representa um crescimento de 1,5 ponto percentual (pp) em um mês e de 3,4 pp em 12 meses, de acordo com as Estatísticas Monetárias e de Crédito, anunciadas nesta quarta-feira (9) pelo Banco Central (BC).
A elevação das taxas bancárias ocorre juntamente com um período de alta da taxa primária de juros da economia, a Selic, estabelecida em 14,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. A Selic é o instrumento principal utilizado pelo BC para regular a inflação. O Banco Central justifica a elevação da taxa com a urgência de desacelerar a demanda e conter a inflação, já que juros mais elevados encarecem o crédito e promovem a poupança, resultando em um menor consumo e queda nos preços.
As estatísticas indicam que a taxa de obtenção de recursos livres dos bancos (o quanto é desembolsado pelo crédito) subiu 0,6 pp no mês e 0,7 pp em 12 meses, alcançando 32,3% em fevereiro. Os analistas preveem que a Selic chegará a 15% até o final do ano.


Solicitações de crédito | taxa média de juros | variação fev/jan | variação fev25/fev24 |
para famílias | 56,3% | ↑ 2,4 pp | ↑ 3,6 pp |
para empresas | 23,9% | ↓ 0,2 pp | ↑ 2,3 pp |
Nas mais recentes solicitações de crédito para as famílias, a taxa média de juros livres atingiu 56,3% ao ano, com incrementos de 2,4 pp no mês e de 3,6 pp em 12 meses. De acordo com o BC, o acréscimo no mês resulta, essencialmente, da elevação das taxas de juros das operações de cartão de crédito rotativo, em 9,6 pp, para 450,6% ao ano, e de empréstimo pessoal não consignado, em 6,1 pp, para 105,9% ao ano.
O crédito rotativo estende-se por 30 dias e é adquirido pelo consumidor quando efetua um pagamento inferior ao valor total da fatura do cartão de crédito ─ utilizando a parte mínima, por exemplo. Neste momento, o cliente adquire um empréstimo e começa a quitar juros sobre a quantia não liquidada. Essa modalidade é uma das mais elevadas no mercado.
Após os 30 dias, as instituições financeiras dividem a dívida do cartão de crédito. No caso do parcelamento do cartão, os juros subiram 7,2 pp no mês e decresceram 7,1 pp em 12 meses, alcançando 181,8% ao ano.
Nas solicitações para as empresas, a taxa média do crédito livre ficou em 23,9% ao ano, com diminuição de 0,2 pp no mês. Contribuíram para isso os recuos nas taxas médias de cartão de crédito rotativo, de 39,2 pp, e de capital de giro com prazo até 365 dias, 5,4 pp. No entanto, o aumento em 12 meses é de 2,3 pp.
De acordo com o BC, em fevereiro, tanto o impacto da variação das taxas de juros (efeito taxa) quanto o impacto da modificação na composição dos saldos (efeito saldo) foram determinantes para o acréscimo das taxas médias de juros do crédito livre.
Crédito direcionado
No crédito livre, os bancos possuem autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado ─ com normas estabelecidas pelo governo ─ é direcionado essencialmente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e microcrédito.
No caso do crédito direcionado, a taxa para pessoas físicas foi de 10,5% ao ano em fevereiro, com diminuição de 0,8 pp em relação ao mês anterior e aumento de 1,1 pp em 12 meses. Para empresas, a taxa diminuiu 1 pp no mês e aumentou 1,4 pp em 12 meses, chegando a 13,5% ao ano.
Dessa forma, a taxa média no crédito direcionado foi de 11,2% ao ano, redução de 0,8 pp no mês e acréscimo de 1,1 pp em 12 meses.
Fonte: Agência Brasil