
Enaltecer os produtos
Segundo o coordenador, “é um campo muito amplo a ser alcançado ainda”. Ele acredita que a feira é um local para compartilhamento de conhecimento que leve à valorização do trabalho do artífice. Uma das maneiras é por meio do esforço de agregar valor aos produtos.
“Nós instruímos os artesãos sobre como valorizar, precificar sua arte, adquirir melhor o seu insumo, como embalar o seu trabalho. Tudo isso é um custo do artífice, e ele precisa incluir esse custo”, explica.
“Há artífice que, por vezes, diz que vende muito, mas quando vai fazer as contas, ele pagou para vender”, constata.
Roberto Santos concorda que a IA não representa uma ameaça para o setor de economia criativa. “A produção acontece pelas mãos das pessoas”, assegura.
“Eu não vou ter um robô confeccionando trabalhos manuais. Eu acho que as ferramentas da inteligência artificial podem contribuir para impulsionar a economia criativa, mas não ser fator decisivo dentro da economia criativa”.
A feira conta com a participação da Secretaria estadual de Cultura e Economia Criativa, Serviço Social do Comércio (Sesc), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Sustentabilidade
Um dos espaços de exposição e comercialização era ocupado pela Federação do Artesanato do Rio de Janeiro (Faerj), que reúne 1,5 mil artífices de associações espalhadas por quase todo o estado.
Além de tesoureira da federação, a artífice Cintia Miller vendia itens de crochê, bolsas, peças de vestuário, adereços, itens de decoração e bijuterias. A Faerj se dedica a articular com autoridades políticas públicas voltadas à profissão de artífice.
“A nossa luta é justamente por isso, valorizar o trabalhador manual”, descreve. “Com essa questão da inteligência artificial, eu acho que muita gente vai perder o emprego em outros setores, mas eu acredito que no trabalho manual ela não impacte tanto”, prevê.

Em um mundo com grande preocupação com a preservação do meio ambiente, ela destaca o papel do trabalho manual como atividade econômica que preserva o planeta.
“Temos indivíduos que elaboram seu trabalho manual, produzem escultura com o que seria descartado. Para nós, é tudo matéria-prima”, fala, enquanto aponta no estande a miniatura de um barco feito com madeira descartada e uma bolsa feita a partir do que em um passado foi câmara de ar de pneus.
Projeto de Lei
Está em andamento na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei (PL) 2.732/2022, apresentado em novembro de 2022. A proposta institui a Política Nacional de Desenvolvimento da Economia Criativa (PNDEC).
A matéria prevê estímulos ao setor, como parcerias entre empresas e universidades para formação profissional e desenvolvimento de infraestrutura para os ramos criativos.
Baseando-se em dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a justificativa do PL destaca a crescente relevância do setor para a economia, saltando de 2,09% do PIB em 2004 para 2,91% em 2020.
O PL já passou pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática e agora está na Comissão de Cultura.
Fonte: Agência Brasil