Nesta sexta-feira (11), as informações sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) causaram mais incertezas econômicas e aumentaram a volatilidade da situação econômica. Os economistas estão enfrentando um cenário desafiador e imprevisível, especialmente diante das condições externas atuais.
No mês de março, houve um aumento de 0,56% no índice, indicando uma redução na comparação com o aumento de 1,31% registrado em fevereiro. A inflação acumulada agora é de 2,04% no ano e de 5,48% em 12 meses, enquanto no mês anterior esses números eram de 1,47% e 5,06%, respectivamente.
Flávio Serrano, principal economista do Banco Bmg, ressalta que tanto a tendência dos núcleos de inflação (média de +0,51% mensal) quanto o desempenho dos serviços subjacentes (+0,65% mensal) indicam um panorama desafiador para a inflação a curto prazo.



Para Serrano, nos próximos meses o IPCA provavelmente terá oscilações, refletindo a alta variabilidade dos preços de matérias-primas no mercado internacional e os custos de energia elétrica no Brasil.
Com base na situação hídrica atual, é provável que em maio a bandeira amarela seja acionada e até mesmo a bandeira vermelha no meio do ano. Ao mesmo tempo, Serrano observa que os sinais de desaceleração da atividade econômica estão se tornando mais evidentes, como evidenciado pelo resultado do IBC-BR de fevereiro, também divulgado hoje.
“Apesar da pressão ainda presente na inflação, acreditamos que o Banco Central interromperá o ajuste da taxa de juros com um último movimento de 0,50 pontos percentuais na reunião de maio”, comenta.
Além disso, Serrano destaca que o cenário internacional atual, marcado pela incerteza em relação aos impactos da guerra comercial no crescimento global, aumenta as chances de uma desaceleração econômica mais pronunciada no futuro.
Dessa forma, o equilíbrio de riscos para a inflação está se tornando mais equilibrado. Com base nesse cenário, “a taxa básica de juros atingirá 14,75% ao ano, um nível que provavelmente será mantido ao longo de quase todo o ano de 2025”, conclui.
Tatiana Pinheiro, economista-chefe e sócia da Galapagos Capital, afirma que os dados de hoje não aliviam as pressões sobre o Banco Central, indicando a necessidade de continuar com a política monetária restritiva.
“Nossa previsão é de um aumento de 75 pontos-base em maio, elevando a Selic para 15%”, afirmam. “Acreditamos que este será o encerramento do ciclo”.
Para José Bravo, economista da Rio Bravo, os números de março superaram as expectativas em 0,03%. Além disso, houve uma desaceleração na carne bovina, mas um aumento significativo nos preços do café, ovos e manga, o que resultou em um aumento de 1,17% na categoria de Alimentos e Bebidas.
“Observamos o aumento nos preços das passagensaéreas, gerando uma inflação de 0,46% na categoria de Transportes, enquanto a categoria de Habitação (0,24%) diminuiu consideravelmente o ritmo de crescimento com o fim do bônus de Itaipu, mantendo o preço da energia elétrica residencial estável”, relata.
Bravo destaca que a resistência inflacionária dos serviços continua sendo o principal desafio para o Banco Central na busca por convergir à meta de inflação. Nesse contexto, a média móvel de 3 meses dessazonalizada registra uma inflação acumulada em 12 meses de 7,57% no núcleo de serviços e 7,77% nos serviços intensivos em mão de obra.
Além disso, a percepção de um mercado de trabalho aquecido foi confirmada pelos últimos dados do PNAD e Caged, que mostraram um aumento significativo de empregos formais na economia, impactando positivamente a renda real devido aos maiores salários de admissão.
“A inflação salarial, portanto, resulta em maior consumo – principalmente na área de serviços –, explicando parte de sua resistência”, conclui.
Fonte: Money Times