Os dados liberados nesta terça-feira (27) pelo IBGE exibem uma mudança aquém do previsto pelo mercado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), fortalecendo a oportunidade de término do ciclo de elevação da taxa de juros (Selic) em 14,75%.
Em maio, ocorreu um aumento de 0,36% do índice tido como a prévia da inflação oficial, indicando uma redução em relação à alta de 0,43% em abril. Agora, a inflação acumula aumento de 2,80% no ano e de 5,40% em doze meses. No mês anterior, esses valores eram de 2,43% e 5,49%, respectivamente.
Rafael Cardoso, principal economista do Banco Daycoval, salienta que o dado de hoje, de modo geral, causa surpresa, com uma deflação significativa em passagens aéreas e aumento menor no núcleo de serviços como destaques.


“O número em si é mais reduzido do que o previsto. Podemos afirmar que o IPCA-15 deste mês apresenta uma análise qualitativa um pouco melhor”, declarou.
Isso porque passagens aéreas, um item mais instável, registraram uma queda consideravelmente maior do que a imaginada para Cardoso. Além disso, serviços automotivos e alimentação fora do lar também colaboraram na desaceleração do IPCA-15. “Neste cenário, parte da surpresa é mais específica, mas outra parte é mais qualitativa“, ressaltou.
“Acreditamos que isso não deva ter grandes implicações para o Banco Central. Mas auxilia a curto prazo, evidentemente, com uma inflação mais controlada, a ter mais conforto para o término do ciclo de elevação dos juros“, completou.
Alexandre Maluf, economista da XP Investimentos, classificou o desfecho como uma “ótima leitura”. Conforme ele, a surpresa generalizada para baixo nos diversos grupos de preços pode resultar em “novas revisões para baixo para o IPCA deste ano por parte do mercado”.
O economista explicou que dois fatores pressionaram o índice para cima: os reajustes sazonais nos preços de remédios e a ativação da bandeira amarela na conta de energia elétrica. “Houve 1,7% de variação mensal na energia”, destacou. Mesmo assim, a maior surpresa foi o comportamento dos preços livres, principalmente dos alimentos.
parou de deteriorar-se na margem, embora ainda permaneça elevado. “A média dos núcleos estabilizou em torno de 5,7%. É um patamar ainda considerável, sejamos sinceros, mas deixou de demonstrar deterioração”, afirmou.
Em relação à política monetária, com os dados de hoje, ele acredita que o mercado deva revisar para baixo as projeções de inflação no Boletim Focus das próximas semanas e reforça a probabilidade de que o Banco Central interrompa o ciclo de elevação de juros.
“Acho que é mais um elemento que o Copom deve considerar para manter os juros agora na reunião de junho, com uma análise que dialoga com a argumentação deles sobre a inflação corrente e cessou de apresentar deterioração”.
Fonte: Money Times