O governo do Brasil está organizando um leilão especial de regiões não licitadas do pré-sal para reforçar a receita ainda este ano, plano que está sendo considerado devido à queda nos valores do petróleo e à crescente incerteza global sobre as tarifas dos Estados Unidos, conforme relatado por quatro fontes com conhecimento do assunto.
De acordo com dois dos informantes, que preferiram não se identificar devido à natureza privada das conversas, a licitação deve incluir áreas menores do pré-sal nos campos de Tupi, Mero e Atapu, e tem potencial para gerar cerca de R$20 bilhões no cenário mais desanimador.
O Ministério da Fazenda e o Ministério de Minas e Energia não forneceram imediatamente declarações quando solicitados.



O estímulo para o leilão reflete as crescentes apreensões em relação às perspectivas fiscais do Brasil, à medida que as tarifas norte-americanas afetam as expectativas econômicas globais, levando os preços do petróleo a um nível mínimo de quatro anos, abaixo de US$60 o barril, na quarta-feira.
Após a recuperação, o petróleo Brent encerrou a US$65,48 o barril, aproximadamente 20% inferior ao custo médio de US$80,79 previsto na legislação orçamentária brasileira para 2025.
Valores mais elevados do petróleo normalmente favorecem o Brasil, aumentando a receita com royalties, impostos sobre os produtores de petróleo e substanciais dividendos da Petrobras.
“É extremamente importante ter opções de contingência, pois o panorama de receitas se torna mais incerto com a situação externa,” afirmou um dos informantes.
Uma das fontes indicou que o governo pretende realizar o leilão já em setembro, caso os planos progridam conforme esperado.
Uma proposta de lei deve ser encaminhada ao Congresso “em breve”, de acordo com a fonte, seguida pela publicação de uma resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e do edital do leilão.
A mesma fonte ressaltou que já existe respaldo político para a iniciativa, destacando que a medida representa uma tentativa de aumentar a arrecadação, o que pode ajudar a evitar cortes que afetariam as emendas parlamentares — uma preocupação relevante nas atuais negociações orçamentárias do Congresso.
Todas as fontes afirmaram que o objetivo é que a receita proveniente do leilão fortaleça os cofres públicos, potencialmente compensando eventuais perdas provenientes de fatores sobre os quais o governo não possui controle.
O governo liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem como meta zerar o saldo primário da maior economia da América Latina neste ano, com uma margem de tolerância de 0,25% do PIB para mais ou para menos, permitindo um déficit de até 31 bilhões de reais.
Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que, se forem identificados riscos para a meta fiscal, o governo tomará medidas para garantir sua concretização.
Fonte: Money Times