O líder dos Estados Unidos, Donald Trump, divulgou na quarta-feira (2) tarifas equivalentes para mercadorias importadas. O Brasil está na relação dos países que serão tributados em 10% a partir de sábado (5).
Por meio de comunicado emitido pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), o governo brasileiro lamentou a escolha dos EUA e declarou que a ação, assim como as tarifas já aplicadas aos segmentos de metalurgia, alumínio e veículos, transgride os compromissos americanos perante a Organização Mundial do Comércio (OMC).
“A nova decisão, tal como as demais tarifas já impostas aos setores de metalurgia, alumínio e veículos, transgride os compromissos dos EUA perante a Organização Mundial do Comércio e terá impacto em todas as exportações de mercadorias brasileiras para os EUA”, menciona o comunicado do Ministério das Relações Exteriores.



O governo brasileiro assegurou que está pronto para dialogar com o governo norte-americano para reverter as medidas anunciadas. Contudo, não exclui a possibilidade de medidas mais severas, incluindo a apresentação de uma reclamação na OMC.
Além disso, o Congresso já se antecipou e aprovou o projeto referente à Lei da Reciprocidade Comercial, permitindo que o governo adote medidas comerciais contra países e blocos que imponham obstáculos aos produtos do Brasil no mercado internacional. O chefe Luiz Inácio Lula da Silva deve sancionar o projeto até sexta-feira (4).
Governo realça saldo positivo dos EUA no comércio com o Brasil
A declaração foi emitida em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e também foi divulgada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A nota sublinhou que enxerga injustiça na taxação ao Brasil.
“Tendo em vista que os EUA apresentam superávits comerciais marcantes e recorrentes em bens e serviços com o Brasil nos últimos 15 anos, totalizando US$ 410 bilhões, a imposição unilateral de tarifa plana adicional de 10% ao Brasil alegando a necessidade de equilíbrio e reciprocidade comercial não condiz com a realidade”, destaca.
O MRE também enfatiza que segundo dados do governo norte-americano, o superávit comercial dos EUA com o Brasil em 2024 alcançou US$ 7 bilhões, apenas em bens. Considerando bens e serviços, o superávit atingiu US$ 28,6 bilhões no último ano. Esse foi o terceiro maior superávit comercial dos EUA em escala global.
Vínculo entre o Brasil e os Estados Unidos
Os EUA ocupam a posição de segundo maior colaborador comercial do Brasil. Em 2024, as vendas externas brasileiras para os Estados Unidos somaram US$ 40,3 bilhões, equivalendo a 12% do total das exportações do país. Já as importações de itens americanos pelo Brasil atingiram US$ 40,6 bilhões, representando 15,5% do valor total importado.
As exportações brasileiras se concentram em produtos relacionados a matérias-primas, sendo os principais óleos de petróleo bruto e refinado, com valor de US$ 7,6 bilhões; e itens de ferro e aço, incluindo ferroligas, ferro-gusa, lingotes e outras formas primárias, totalizando US$ 5,9 bilhões. Juntos, eles compreendem 34% do total exportado para os EUA.
Por outro lado, no que diz respeito às importações, os equipamentos de geração de energia (especialmente motores e máquinas não elétricos) constituem a principal categoria, com um total de US$ 7,1 bilhões e representando 18% do valor total importado.
Adicionalmente, os Estados Unidos permanecem como um dos principais investidores diretos no País (IDP), com um fluxo líquido estimado de US$ 7,1 bilhões em 2024, correspondendo a 26% do valor total líquido recebido nessa classificação.
Além da tarifa de reciprocidade de 10%, o Brasil também enfrenta as taxas de 25% para as importações de aço e alumínio que entraram em vigor no mês passado — algo que afeta diretamente o Brasil, que é o segundo maior importador desses produtos para os EUA.
Fonte: Crypto Money