Novas Perspectivas sobre a Selic e a Inflação
A taxa de juros Selic, atualmente em um nível “extremamente restritivo”, é mais do que adequada para regular a taxa de inflação e a atividade econômica, declara o especialista em economia da Rio Bravo Investimentos, José Alfaix. O Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou os juros em 0,25 pontos percentuais nesta quarta-feira (18).
O analista financeiro da Rio Bravo alega que caso a nova taxa básica não tenha o efeito desejado na economia, poderá ocorrer obstáculos que afetarão a eficácia da política monetária — “seria necessário monitorar com mais atenção a situação fiscal“.
“Os recursos que o Governo tem utilizado em programas fora do planejamento orçamentário representam uma quantia significativa em circulação — isso estimula bastante a demanda. Temos duas instituições agindo de forma oposta”, comentou em uma entrevista ao Money Times.



De acordo com Alfaix, os dirigentes do Banco Central (BC) tomaram a decisão correta ao ajustar a Selic para 15% ao ano. “Mesmo que 0,25 pontos percentuais não causem uma revolução, é um indicativo de um BC altamente comprometido em fazer com que a inflação retorne à meta estabelecida”.
Além disso, a sugestão de que a autarquia pode retomar o ciclo de aumento dos juros, se necessário, mesmo com uma taxa monetária já elevada, reforça a sua credibilidade.
“O aumento adicional reflete uma abordagem ainda mais cautelosa por parte do Comitê e deve auxiliar no contínuo processo de ancoragem das expectativas de inflação. Ao mesmo tempo, a possibilidade de um comitê mais ‘inflexível’ pode corrigir um pouco da recente inversão da curva de juros, abrindo espaço para prazos mais curtos”, afirmou.
O analista salienta que a instituição ainda enfrenta expectativas de inflação consideravelmente distantes do objetivo central, uma economia operando acima do seu potencial e uma notável incerteza no panorama internacional.
Apesar da recente desaceleração inflacionária, com a desvalorização do dólar e a queda nos preços internacionais das matérias-primas, o cenário favorável é passível de reversão e possui uma natureza menos estrutural do que os fatores internos que têm mantido a resistência nos preços dos serviços.
“Embora tenhamos testemunhado uma significativa melhoria na inflação ao longo do ano, os desafios persistem devido a fatores domésticos”, declarou o economista.
Avaliação sobre Possíveis Reduções na Selic
O especialista da Rio Bravo observa que o mercado está dividido entre a perspectiva de iniciarem os cortes na Selic no primeiro ou no segundo trimestre de 2026.
Segundo ele, com a cotação do dólar mantida em R$ 5,50 e a Selic em 15%, é concebível o início de cortes na taxa básica já nos primeiros meses do próximo ano.
A previsão da entidade é que o Copom encerre 2026 com a Selic em 12,50%, após um ciclo de flexibilização monetária de 2,50 pontos percentuais.
Fonte: Money Times