A elevação dos preços no território nacional segue acima da meta e continua espalhada em variados aspectos, em um contexto de mercado de trabalho aquecido e que continua causando surpresa, indicou nesta quarta-feira o líder do Banco Central, Gabriel Galípolo.
Numa sessão pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, Galípolo reiterou que todos os integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) estão “bastante desconfortáveis” com a desarticulação das expectativas de mercado em relação à inflação, destacando que o BC busca atingir o centro da meta de inflação, de 3%.
“Tenho percebido que a maior parte das críticas à elevada taxa de juros, de 15%, muitas vezes está relacionada a uma sugestão, diríamos assim, de que não se deveria alcançar a meta”, expressou.




“Não é uma sugestão, a meta deriva de um decreto, a meta é 3%. A meta não constitui 3% com 1,5 ponto (de margem de tolerância) para cima e 1,5 ponto para baixo no sentido de que eu posso perseguir a meta de forma branda.”
O BC incrementou a Selic em 0,25 ponto percentual em junho, para 15% ao ano, já indicando que o ciclo de elevação será encerrado na próxima reunião de política monetária, no final deste mês, e indicando a manutenção da taxa nesse nível por um período consideravelmente prolongado.
Galípolo argumentou que a inflação do país não é isolada, com 72,5% dos elementos que compõem o IPCA permanecendo acima do objetivo estabelecido, o que é visto como amplamente disseminado.
O presidente do BC enfatizou que a economia tem crescido de maneira sólida, mesmo excluindo o setor do agronegócio, que deve registrar mais uma safra recorde neste ano.
Durante a exposição, Galípolo também afirmou que os indicadores de inflação sustentam a noção de que a taxa básica de juros não estava suficientemente restritiva ao longo de 2024 para alcançar a meta, exigindo novos aumentos na taxa de juros.
O ciclo de elevação da Selic foi reiniciado pelo BC em setembro do ano passado, levando a taxa de 10,50% a 15%, o maior patamar em duas décadas.
As estimativas mais recentes do mercado indicam uma inflação de 5,18% este ano e de 4,50% em 2026, conforme o relatório Focus do BC.
O presidente do BC ainda disse que o aumento da taxa Selic impulsionou o carry do real — ganho do investidor estrangeiro por deter a moeda –, destacando que o real se valorizou mais do que as demais moedas em 2025.
Fonte: Money Times