Os Estados Unidos da América podem estabelecer uma tarifa média de 5,8%, ocasionando uma possível perda de US$ 3 bilhões na balança comercial do Brasil, de acordo com análises do BTG Pactual.
De acordo com especialistas do banco, a imposição de taxas mais elevadas pelos EUA pode comprometer a competitividade dos produtos brasileiros, impactando potencialmente em perdas que ultrapassariam os US$ 10 bilhões até 2026, em cenários extremos de tarifas de 25%.
Em caso de intensificação da disputa comercial entre os EUA e a República Popular da China, a demanda chinesa por produtos brasileiros e os preços no mercado internacional podem ser afetados negativamente.


“Essas projeções consideram principalmente os efeitos diretos e não levam em conta possíveis mudanças no comércio, que teriam efeitos mais graduais”, explicam Iana Ferrão e Pedro Oliveira.
Nesta data, está prevista a divulgação das medidas que o presidente norte-americano tem referido como “o dia da independência”, relacionadas à reciprocidade das taxas de importação pelos Estados Unidos. O intuito é equilibrar o déficit comercial e fomentar a produção interna.
O Brasil poderá ser afetado pelas taxas caso os EUA direcionem suas medidas a países com barreiras comerciais elevadas ou se adotarem tarifas amplas em setores específicos, conforme a análise dos especialistas do banco.
Por outro lado, se os EUA optarem por focar em nações com grandes déficits comerciais ou com forte presença na economia norte-americana, o Brasil poderá não ser diretamente afetado inicialmente por sanções comerciais.
“Ainda não há clareza sobre os países e setores que serão impactados”, afirmam Ferrão e Oliveira.
Brasil pode ser alvo de taxas de importação dos EUA
O Brasil, com uma média ponderada de impostos de importação de 5,8% em contraste com os 1,3% praticados pelos Estados Unidos, e um índice de barreiras não tarifárias (BNT) de 86,4%, acima da média global de 72%, encontra-se entre os países que mais restringem o comércio externo.
Segundo os especialistas do BTG, a diversificação das exportações brasileiras pode minimizar o impacto na balança comercial, mas setores altamente dependentes do mercado norte-americano correm riscos significativos.
Produtos como semimanufaturados de ferro e aço (72,5% das exportações para os EUA), aeronaves (63,2%), materiais de construção (57,5%), etanol (48,5%), madeira e derivados (43,3%) e petróleo e seus derivados (27,9%) estão entre os mais vulneráveis.
Caso os EUA adotem uma abordagem de reciprocidade “produto a produto”, certas mercadorias, como o petróleo e seus derivados, podem ser menos afetadas. No entanto, os analistas consideram essa estratégia menos provável.
O setor siderúrgico já está sentindo os efeitos da política protecionista americana, com tarifas de 25% impostas sobre as importações de aço e alumínio. O governo brasileiro optou por não agir de forma retaliatória e busca soluções através do diálogo, seguindo sua estratégia em negociações anteriores, como as de 2018 e 2019.
Fonte: Crypto Money