Frente à ameaça do líder estadunidense, Donald Trump, de estabelecer uma taxa de 50% sobre mercadorias brasileiras, a instituição financeira Daycoval prevê que a ação teria potencial para reduzir em torno de 15% a quantidade de produtos do Brasil vendidos para os Estados Unidos.
Desse modo, os lucros com as exportações sofreriam uma influência estimada de US$ 5,9 bilhões, o que corresponderia a uma baixa de aproximadamente 0,3 ponto percentual (p.p.) no Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
Mesmo com o impacto significativo em áreas específicas como combustíveis, ferro e aviões, a procura dos Estados Unidos por produtos brasileiros é considerada relativamente rígida a curto prazo, ou seja, os EUA enfrentam dificuldades para substituir esses itens por fornecedores de outras nações.
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Segundo o Daycoval, a principal categoria exportada para os EUA — mercadorias intermediárias, que representam 54% das vendas — foi a que indicou a menor flexibilidade.
Nesse segmento, um incremento de 50% no valor resultaria em uma redução de apenas 8,2% na quantidade exportada, já que a metodologia demonstrou a complexidade dos americanos em substituir tais importações a curto prazo.
Outras categorias também evidenciaram pouca sensibilidade ao custo. As exportações de combustíveis e óleos podem diminuir aproximadamente 21,8%, enquanto os bens de capital, que englobam aeronaves da Embraer (EMBR3), podem retrair em torno de 23,4% diante do mesmo aumento tarifário.
Para elaborar as previsões, o Daycoval empregou um modelo econômico baseado em séries temporais históricas, que relaciona a quantidade exportada pelo Brasil ao nível de atividade econômica e aos preços relativos nos EUA.
A abordagem leva em consideração a aptidão do Brasil em redirecionar parte das exportações para outros mercados e calcula flexibilidades específicas por categoria de produto, compreendendo a real sensibilidade da demanda americana aos acréscimos de custo.
Apesar do impacto macroeconômico total ser relativamente moderado, o impacto financeiro para determinados setores é substancial. Apenas as perdas estimadas com as exportações de mercadorias intermediárias totalizariam US$ 1,79 bilhão, enquanto os combustíveis e óleos corresponderiam a uma desvantagem de aproximadamente US$ 1,76 bilhão.
A instituição destaca que as estimativas abarcam exclusivamente os impactos diretos da taxa sobre as exportações e o PIB. Consequências indiretas, como uma possível valorização do câmbio ou piora das condições financeiras, podem agravar os efeitos sobre a economia brasileira.
Fonte: Money Times
