O Conselho de Política Monetária (Copom) poderá encerrar o processo de elevação da Selic já durante a reunião de maio, diante do aumento da incerteza após os Estados Unidos (EUA) divulgarem uma série de tarifas recíprocas, destaca o Banco Internacional.
“O panorama que já era complicado tornou-se consideravelmente mais indefinido”, afirmam os analistas André Valério e Rafaela Vitória.
O Copom já elevou as taxas em 3,75 pontos percentuais (p.p.) desde o início do ciclo e, com mais uma elevação prevista, a situação exigirá cautela por parte da autoridade monetária. Cabe ressaltar que, na reunião de março, foi projetado um novo aumento na Selic, porém em magnitude inferior aos anteriores.



Os dirigentes do Banco Central (BC) devem avaliar o impacto conjunto das medidas de aperto monetário e dos acontecimentos internacionais. “Consequentemente, é possível que o ciclo seja encerrado na próxima reunião”, declararam.
O Banco Internacional mantém a previsão de elevação de 0,50 p.p. nas taxas em maio. Com isso, a taxa subiria do nível atual de 14,25% para 14,75% ao ano.
Os economistas da instituição, todavia, reconhecem que o mercado pode precificar uma elevação menor, dependendo da evolução dos eventos nos próximos dias.
A repercussão das tarifas de Trump sobre o Brasil
O Brasil recebeu a menor tarifa, de 10%, dos EUA. Já a China e a União Europeia, por exemplo, foram alvo de tarifas de 54% e 20%, respectivamente.
O impacto na economia brasileira é ambíguo, avaliam Valério e Vitória, do Inter.
Por um lado, o fato de o Brasil ter sido contemplado com a menor alíquota, posiciona as exportações brasileiras para os norte-americanos de forma favorável, permitindo ganhar market-share.
Se houver retaliação por parte de outros países, o Brasil também poderá observar um aumento na demanda por suas exportações. No entanto, esse cenário está sujeito ao impacto das tarifas sobre a economia global, especialmente da União Europeia e da China. “Caso a China entre em recessão devido às tarifas de 54% sobre seus produtos, podemos testemunhar um impacto líquido negativo em nossas exportações”.
Adicionalmente, o real ainda pode se beneficiar da desvalorização mundial do dólar.
Por outro lado, as taxas futuras podem diminuir, acompanhando o movimento global. Contudo, essa situação não é positiva, pois reflete uma perspectiva de recessão na economia americana, algo que poderá se converter em uma recessão global.
Fonte: Money Times