O conflito de interesses desencadeado pelos Estados Unidos na figura do presidente Donald Trump está introduzindo instabilidade nas bolsas e ativos de risco globalmente. Contudo, um estudo recente da Grayscale, uma das maiores administradoras de criptomoedas do planeta, afirmou que quem pode se favorecer desse cenário é o bitcoin (BTC).
Em um documento divulgado na última quarta-feira (9), a gestora do terceiro maior fundo de índice (ETF, na sigla em inglês) dos Estados Unidos indica que a política tarifária de Trump deverá conduzir o país a um contexto de “estagflação” — período no qual o crescimento econômico é bastante reduzido ou inexistente em meio a uma situação de inflação elevada.
Historicamente, a situação de estagflação tem um impacto adverso nos rendimentos de ativos convencionais — como títulos e ações —, ao passo que beneficia commodities raras, como o ouro.




E, é válido ressaltar, o bitcoin é reconhecido como o “ouro digital” pela sua escassez programada pela blockchain. É sob essa narrativa e sob a conjuntura que se desdobra que a Grayscale defende que o BTC pode começar a ser considerado como essa commodity virtual e uma reserva de valor contemporânea.
Bitcoin (BTC) ainda não é essa reservação
Entretanto, é importante mencionar que o bitcoin e as demais criptomoedas têm se assemelhado às ações de tecnologia, seguindo o desempenho do S&P 500 e o Nasdaq, por exemplo.
Em outras palavras, ainda que exista uma previsão de desvinculação (decoupling), o BTC ainda se comporta como um ativo em bolsa — e, como resultado, sofrendo juntamente com elas.
Dessa forma, as tensões comerciais decorrentes de tarifas também devem impactar a procura pelo dólar americano, criando oportunidades para ativos concorrentes — como outras moedas fiduciárias, o ouro e o bitcoin.
A perspectiva delineada pela Grayscale
O estudo da Grayscale ressalta que a redução dos fluxos comerciais com os EUA, predominantemente realizados em dólares, pode resultar em uma menor demanda transacional pela moeda.
Além disso, o embate com outras nações devido às tarifas comerciais pode enfraquecer a lógica do dólar como reserva de valor, “potencialmente impulsionando ativos alternativos como o bitcoin”, segundo a pesquisa.
Por fim, a Grayscale sugere que investidores de longo prazo ponderem sobre o ajuste de portfólios para uma possível fragilidade do dólar e uma inflação acima da meta, e acredita que o Bitcoin provavelmente se beneficiaria desse contexto.
É relevante lembrar que o investimento em criptomoedas é bastante volátil e o investidor deve manter uma parte responsável do seu portfólio em ativos digitais.
Fonte: Money Times