A interrupção da compra de frango do Brasil por diversos países, causada pelos casos de gripe aviária, pode resultar em uma diminuição temporária da inflação, devido à expectativa de redirecionamento da oferta para o mercado local, opinam especialistas consultados pelo Broadcast (plataforma de notícias em tempo real do Grupo Estado).
A previsão é de uma redução entre 0,05 e 0,10 ponto percentual no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos próximos meses em relação à estimativa inicial, de acordo com os analistas. Eles salientam, entretanto, que, com o retorno das exportações, é provável que ocorra um aumento nos preços do frango e, por isso, o impacto líquido da gripe aviária na inflação tende a se equilibrar a longo prazo.
O economista da Quantitas João Fernandes projeta uma influência negativa de cerca de 0,10 ponto na inflação, distribuída ao longo das três próximas análises do IPCA. “Isso afeta diretamente o preço das aves e também de forma indireta por meio de outras proteínas, como a carne bovina e especialmente ovos”, explica Fernandes. Ele ressalta, no entanto, que a longo prazo o efeito tende a ser neutro, à medida que as exportações se normalizem. “De toda forma, trata-se de um cenário incerto”, reforça.
Projeção do PIB para 2025 Acelera e Inflação se Mantém Estável: Análise do Relatório Focus de Segunda-feira
Mercado Reage às Incertezas com Trump: Previsões para o Ibovespa na Segunda-feiraO Banco Bradesco trabalha com uma redução mais suave na inflação, de 0,06 ponto para o IPCA total nos próximos meses. Somente para a inflação de alimentos, espera-se uma diminuição de 0,4 ponto, distribuída nas próximas análises do IPCA, estimam os profissionais do banco.
A projeção do Bradesco parte de um cenário em que as exportações permanecerão suspensas por dois meses. No entanto, o tempo de embargo anunciado pelos parceiros comerciais até o momento é variado. Por exemplo, China e União Europeia suspenderam as compras por 60 dias, enquanto a Argentina anunciou um embargo por período indeterminado. Se a suspensão se aplicar apenas às aves do Rio Grande do Sul, e não a todo o Brasil, o impacto redutor também pode ser menor, destaca o Bradesco. A Rússia, por exemplo, flexibilizou as suspensões na quarta-feira (21), proibindo apenas a importação de carne de aves e derivados do Estado.
A Warren Investimentos estima um impacto negativo entre 0,05 e 0,10 pontos nas próximas análises do IPCA, considerando também que as restrições à compra das aves brasileiras serão suspensas em 60 dias.
“Durante esse período, os preços devem diminuir moderadamente. Como não é possível reduzir a produção imediatamente, o abate continuará ocorrendo, mesmo com estoques disponíveis, o que levará a uma oferta adicional no mercado interno”, detalhou a Warren em seu relatório.
Na LCA 4intelligence, houve uma revisão para baixo na previsão para o IPCA de junho, de 0,47% para 0,41%. A consultoria mencionou em seu relatório que a restrição às exportações aumentará a oferta interna de aves e ovos, reduzindo os preços desses itens. “O efeito de substituição indica que esse evento de grande magnitude pode também impactar a precificação do boi gordo”, acrescentam.
O Brasil confirmou o primeiro caso de gripe aviária em uma fazenda comercial em Montenegro, no Rio Grande do Sul, exatamente uma semana atrás, no dia 16. Segundo dados do Ministério da Agricultura divulgados ontem, 22, a exportação de frango produzido pelo país está suspensa para 20 destinos.
Fonte: Money Times
