O líder do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, comunicou hoje que a competição de tarifas comerciais iniciada pelo chefe dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, apresenta “riscos e chances” para o Brasil.
O setor agropecuário e a indústria são áreas que podem se beneficiar de oportunidades causadas pelas medidas protecionistas dos EUA, que impuseram taxas sobre a entrada de produtos estrangeiros no país, como maneira de resguardar a maior economia mundial, conforme o governo americano defende.
Trump adiou por 90 dias a tarifação adicional para a maioria dos países, porém continuou com a sobretributação de produtos chineses em mais de 100%.




Mercadante conversou com repórteres hoje, ao sair de um seminário sobre cooperativismo, na sede do banco público de fomento, no Rio de Janeiro.
Para ele, a economia necessita de estabilidade e o , ocorreu sem negociações prévias ou consultas às entidades internacionais de comércio. “Por isso, acarretou em uma considerável instabilidade econômica e financeira”, ressaltou.
“É certo que esse processo acarretará certa pressão inflacionária em todos os países, um impacto externo global e resultará em adiamento de investimentos”, frisou Mercadante.
Segundo o presidente do BNDES, a guerra comercial terá “inúmeras consequências” para os Estados Unidos e China, as duas maiores economias do mundo. “A América Latina foi parcialmente poupada nessa primeira fase. Veremos como as coisas se desdobram”, disse.
“Esse contexto instável traz riscos, devemos estar atentos, contudo também proporciona oportunidades”, completou, destacando a agricultura e a pecuária.
O líder do BNDES ressalta que os Estados Unidos são um competidor nesse setor e que alguns mercados se abrirão para o Brasil. “Já estavam se abrindo e vão abrir com maior rapidez”, analisa.
Mercadante acredita também que o fato de o Brasil ser uma nação pacífica, com boas relações com todos os membros da Organização das Nações Unidas (ONU), pode ser um ponto positivo para atrair investimentos estrangeiros.
“Haverá maior diversificação e há uma alta demanda por segurança alimentar no mundo. O Brasil é uma solução para essa questão. Portanto, há grande interesse em investir nesse setor em novas formas de colaboração”, afirmou, mencionando a expectativa de uma colheita recorde no país.
Ao abordar a indústria, o economista lembrou que o Brasil recuperou a 25ª colocação no ranking internacional de desempenho industrial. “A indústria de alto valor agregado, como aviões, veículos, carros híbridos, está atraindo muitos centros de P&D [pesquisa e desenvolvimento] para cá”.
Mercado nacional
Mercadante ressaltou também a importância do vigor do mercado interno. “Possuímos um mercado interno robusto, que é o principal motor de crescimento. Isso é um diferencial em um mundo onde o protecionismo está em alta e os mercados internos criarão ferramentas de defesa comercial”, apontou.
Ao enfatizar que o Brasil precisa explorar oportunidades, Mercadante mencionou a aproximação com parceiros que também estão lidando com os impactos das medidas protecionistas dos EUA, como México e Canadá.
“Precisamos nos unir. A União Europeia buscará se aproximar do Sul Global, dos Brics”, pontuou.
O Sul Global é um conceito que engloba, principalmente, países em desenvolvimento e pobres. O Brasil tem se posicionado internacionalmente como líder desse grupo, composto por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Irã.
Em 2025, a reunião anual dos Brics ocorrerá nos dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro.
Fonte: Agência Brasil