Os registros financeiros públicos fecharam o mês de fevereiro com saldo desfavorável, resultado do déficit do Governo Central. O conjunto público unificado – composto por União, estados, municípios e organizações estatais – apresentou déficit primário de R$ 18,973 bilhões no segundo mês de 2025.
No entanto, o montante é menor que o resultado adverso de R$ 48,692 bilhões anotado no mesmo mês de 2024. Na análise interanual, verificou-se uma evolução nas finanças públicas também em decorrência da melhoria nas contas do Governo Central, englobando Previdência, Banco Central e Tesouro Nacional, mesmo que ainda apresentem déficit. A redução se deu principalmente pelo acréscimo das receitas e a diminuição das despesas.
Os Dados Fiscais foram revelados nesta terça-feira (8) pelo Banco Central (BC). O déficit primário representa o resultado negativo das contas do setor público (gastos menos receitas), excluindo o pagamento dos juros da dívida pública.



No acumulado do ano, o conjunto público unificado apresenta superávit primário de R$ 85,122 bilhões. Em 12 meses – finalizados em fevereiro – as contas acumulam resultado desfavorável de R$ 15,885 bilhões, correspondendo a 0,13% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país).
No ano de 2024, os registros financeiros públicos encerraram com déficit primário de R$ 47,553 bilhões, equivalente a 0,4% do PIB.
Âmbitos governamentais
Em fevereiro passado, as finanças do Governo Central apresentaram déficit primário de R$ 28,517 bilhões em confronto com o resultado desfavorável de R$ 57,821 bilhões em fevereiro de 2024. O valor do déficit difere do resultado anunciado em 27 de março pelo Tesouro Nacional, de déficit de R$ 31,7 bilhões, devido à adoção de uma metodologia diferente pelo BC, a qual leva em consideração a variação da dívida dos entes públicos.
Os governos estaduais registraram superávit no mês de fevereiro de R$ 6,633 bilhões, comparado com o superávit de R$ 7,486 bilhões em fevereiro do ano anterior. Já as administrações municipais apresentaram resultado positivo de R$ 2,611 bilhões em fevereiro deste ano. No mesmo mês de 2024, houve superávit de R$ 1,160 bilhão para esses entes.
Desse modo, globalmente, os governos regionais – estaduais e municipais – obtiveram superávit de R$ 9,244 bilhões em fevereiro recente em oposição ao resultado desfavorável de R$ 8,646 bilhões no mesmo mês de 2024.
De forma semelhante, as instituições estatais federais, estaduais e municipais – excluindo os grupos Petrobras e Eletrobras – contribuíram para a redução do déficit das finanças públicas, com resultado positivo de R$ 299 milhões em fevereiro de 2024. No mesmo mês do ano passado, o déficit foi de R$ 483 milhões.
Gastos com juros
As despesas com juros alcançaram R$ 78,253 bilhões em fevereiro deste ano, um aumento em comparação com os R$ 65,166 bilhões registrados em fevereiro de 2024. De janeiro para fevereiro, houve também um acréscimo significativo. No primeiro mês do ano, as despesas com juros foram de R$ 40,358 bilhões.
Conforme o BC, é incomum que a conta de juros apresente grandes flutuações, uma vez que os juros são registrados mensalmente. Porém, no resultado, impactam as operações do Banco Central no mercado de câmbio (swap cambial, que consiste na venda de dólares no mercado futuro) que, nesse cenário, contribuíram para a piora da conta de juros em setembro. Os resultados dessas operações são transferidos para o pagamento dos juros da dívida pública, como receita em casos de ganhos e como despesa em caso de perdas.
Em fevereiro de 2024, a conta de juros do Banco Central ficou positiva em R$ 6,021 bilhões, enquanto em janeiro e fevereiro deste ano os saldos foram negativos em R$ 28,981 bilhões e R$ 1,127 bilhão, respectivamente.
Também contribuíram para o aumento das despesas com juros o aumento da taxa básica de juros, a Selic, o maior número de dias úteis e o próprio crescimento da dívida no período.
Assim, o resultado nominal das finanças públicas – composto pelo resultado primário e os gastos com juros – diminuiu na comparação interanual. No mês de fevereiro, o déficit nominal foi de R$ 97,226 bilhões contra o resultado negativo de R$ 113,858 bilhões em igual mês de 2024.
Em 12 meses encerrados em fevereiro, o conjunto público acumula déficit de R$ 939,839 bilhões, ou 7,91% do PIB. O resultado nominal é considerado pelas agências de classificação de risco ao avaliar o endividamento de um país, indicador observado pelos investidores.
Dívida pública
A dívida líquida do setor público – balanço entre o total de créditos e débitos dos governos federal, estaduais e municipais – atingiu R$ 7,296 trilhões em fevereiro, correspondendo a 61,4% do PIB. Em janeiro, a proporção da dívida líquida em relação ao PIB estava em 61,1% (R$ 7,220 trilhões).
No mês de fevereiro deste ano, a dívida bruta do governo geral (DBGG) – que contabiliza apenas os passivos dos governos federal, estaduais e municipais – alcançou R$ 9,045 trilhões ou 76,2%, com aumento em relação ao mês anterior, em termos de percentual do PIB (R$ 8,939 trilhões ou 75,7% do PIB). Assim como o resultado nominal, a dívida bruta é usada para realizar comparações internacionais.
Fonte: Agência Brasil