Gestor do famoso Fundo Verde, Luiz Stuhlberger criticou fortemente o aumento do Imposto sobre Transações Financeiras (IOF) promovido pelo governo federal e apontou um risco de cauda mais alto caso o PT ganhe as eleições do próximo ano.
Em uma apresentação para investidores e clientes durante o evento anual da Verde Asset, Stuhlberger rotulou a medida como “alarmante” e indicou que ela revela muito sobre a mentalidade do governo atual.
“Foi uma lição de psicologia gratuita sobre o que o PT pensa de nós”, comentou.

De acordo com ele, o incremento do IOF é “aterrador” por aumentar o custo do crédito para pequenas e médias empresas e por mostrar a intenção do governo de manter os gastos elevados. Na opinião do gestor, a medida está menos relacionada à meta fiscal e mais à vontade de ampliar programas sociais, como o Programa Bolsa Família — algo que é negado pelo governo.
Stuhlberger também questionou a tributação sobre transações em dólar, o que, em suas palavras, impõe um “pedágio” ao investidor interessado em adquirir a moeda norte-americana.
Mesmo com a pressão por mudanças, ele pondera que a revogação do IOF poderia agravar a percepção fiscal, devido à redução da arrecadação.
“Ruim com ele, pior sem ele.”
Risco político em foco
Mais do que os impactos econômicos imediatos, Stuhlberger expressou preocupação com o que o aumento do IOF revela sobre o panorama político. Ele argumenta que o mercado deveria considerar um risco político negativo mais significativo em caso de reeleição do PT.
“A Faria Lima não tem confiança de que o PT sairá vitorioso. Mas e se ganhar?”, indagou.
Ele mencionou que o mercado tem mostrado complacência com o risco fiscal, em parte devido à expectativa de uma troca de governo. Ele compara a situação do Brasil com a da Argentina, onde a vitória de Javier Milei gerou otimismo após o êxito na implementação de medidas de ajuste fiscal.
“Se o Milei conseguiu, o Tarcísio também consegue”, afirmou, referindo-se à percepção de alguns investidores.
Mercado e estratégias da Verde
Stuhlberger enfatizou que, apesar do contexto desafiador para a indústria de fundos, o Verde superou o CDI por três anos consecutivos. Em 2024, o fundo manteve rentabilidade positiva graças a posições defensivas, como a proteção contra o ambiente interno.
Entre as principais apostas atuais, o fundo está investido em juros reais, esperando uma redução maior do que a precificada pelo mercado. Quanto à bolsa, o gestor enxerga pouco espaço para novas altas, considerando o prêmio de risco historicamente baixo dos títulos públicos.
Ele revelou também que a exposição do fundo ao bitcoin corresponde a 2,5% da carteira. Apesar do desempenho satisfatório, a Verde enfrentou resgates e atualmente gere cerca de R$ 17 bilhões.
Fonte: Money Times