O chefe de Estado Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (24) que o Brasil está preparado para dialogar com os Estados Unidos sobre a tarifa de 50% aplicada a mercadorias brasileiras, caso o presidente norte-americano, Donald Trump, deseje conversar.
Ao enfatizar mais uma vez a autonomia nacional e o respeito pelas questões internas do Brasil, Lula assegurou que defenderá os interesses dos empreendedores e das instituições financeiras brasileiras, durante um evento em Minas Gerais.
“Se houver interesse em negociar, estaremos abertos para isso”, declarou ele em evento no Vale do Jequitinhonha. “Caso queiram estabelecer um diálogo, estamos prontos, pois minha história sempre envolveu negociações”, acrescentou, recordando seus tempos como líder sindical. “Negociava durante greves. O contexto comercial é análogo.”
Lula destacou que representantes do Brasil já haviam estado envolvidos em negociações com os Estados Unidos. Conforme ele, foram realizadas 10 reuniões sobre o assunto.
O presidente também frisou que o Brasil mantém a tradição de ser um bom conversador “com todos os países”, especialmente “com aqueles que buscam diálogo”. Segundo o chefe do Executivo, Trump ainda não manifestou interesse em debater o tema com ele.
“Ele [Trump] não está interessado em dialogar. Se quisesse, bastava telefonar para mim.”
Em sua fala, Lula sugeriu que pode intensificar sua postura caso Trump esteja blefando. “Não sou mineiro, mas sou habilidoso no jogo de cartas. E se ele estiver apenas blefando, ele vai se surpreender”, disse.
Taxas impostas por Trump
Trump comunicou, por carta ao governo brasileiro, a imposição de tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, apesar de o país ter déficit comercial com os EUA.
No documento, Trump justificou que as taxas seriam aplicadas, entre outras razões, devido ao que ele descreveu como uma “perseguição política” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de envolvimento em tentativa de golpe após sua derrota eleitoral em 2022.
O presidente dos Estados Unidos anunciou uma ampla tributação das exportações para os EUA em abril, e diversos países têm buscado reduzir individualmente essas taxas por meio de negociações consideradas como vitórias por Trump.
Alguns conseguiram diminuir levemente as taxas impostas a seus produtos através de negociações avaliadas como conquistas pelo presidente norte-americano.
Ao mesmo tempo, nos últimos meses, os vai e vens dele em relação às taxas, incluindo postergações na aplicação das mesmas, são percebidos por alguns como recuos por parte do líder norte-americano.
Fonte: Money Times