O tomate teve um aumento de 22,55%, influenciando em 0,05 ponto percentual na inflação.
Foto-arquivo: Elza Fiúza/Agência BrasilO IBGE ressaltou que quase a metade (45%) da inflação de março foi atribuída ao setor de alimentos e bebidas. Em fevereiro, o aumento dos alimentos tinha sido de 0,70%.
O índice de março é o maior desde dezembro, quando os alimentos tiveram uma elevação de 1,18%. Esse dado também representa uma mudança após três meses consecutivos de desaceleração na inflação dos alimentos. Em um período de 12 meses, os alimentos estão 7,68% mais caros.
A inflação dos alimentos é uma das principais preocupações atuais do governo, que espera que a atual safra contribua para a queda nos preços.
O segmento de alimentação em casa subiu 1,31% em março; enquanto a alimentação fora de casa aumentou 0,77%.
Os principais responsáveis pelos aumentos nos custos com alimentos foram o tomate, com um aumento de 22,55%, impactando em 0,05 ponto percentual (p.p.); o café moído (8,14%, impacto de 0,05 p.p.) e o ovo de galinha (13,13%, com um impacto de 0,04 p.p.). Em conjunto, esses itens representaram um quarto da inflação no mês.
O coordenador da pesquisa, Fernando Gonçalves, justifica que a alta nos preços do tomate se deve ao clima quente nos meses de verão.
“Houve um adiantamento na maturação, resultando na antecipação da colheita em algumas regiões. Com menos áreas disponíveis para a colheita em março, houve uma redução na oferta, gerando pressão de alta nos preços”.
Em relação aos ovos, ele destacou dois motivos: aumento do preço do milho, base da alimentação das aves e o período de quaresma, quando a demanda por ovos aumenta.
O café moído acumula crescimento de 77,78% nos últimos 12 meses. Fernando Gonçalves aponta fatores internos e externos para o encarecimento. Houve aumento nos preços no mercado internacional, devido à redução na oferta do grão em escala global, causada pela quebra na safra do Vietnã, em decorrência de condições climáticas adversas, que também impactaram a produção nacional.
Outros conjuntos
No segmento de transportes, o aumento de 0,46% teve o segundo maior impacto (0,09 p.p.) em março, porém ficou abaixo de fevereiro (0,61%).
Esse resultado foi influenciado pela tarifa aérea, que subiu 6,91% – o terceiro maior impacto individual no IPCA de março.
O IBGE distingue o IPCA em dois blocos. O de serviços, resultado da interação entre oferta e demanda, teve um aumento de 0,62%. Em fevereiro, a variação foi de 0,82%.
O agrupamento de preços monitorados, que inclui valores controlados pelo governo e contratos, passou de 3,16% para 0,18%.
O acumulado em 12 meses da inflação de serviços subiu de 5,32% em fevereiro para 5,88% em março. Segundo Gonçalves, isso se deve ao cenário econômico do país, com baixos índices de desemprego. “O aumento da massa salarial acaba impulsionando o consumo”.
O comportamento da inflação de serviços é um dos aspectos avaliados pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central para determinar o nível da taxa básica de juros, a Selic, que atualmente está em 14,25% ao ano. A definição da Selic é uma das ferramentas para controlar a inflação.
O índice
O IPCA calcula o custo de vida para famílias com renda entre um e 40 salários mínimos. A coleta de preços é realizada em dez regiões metropolitanas – Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre – além de Brasília e nas capitais Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.
Fonte: Agência Brasil