Atualmente, o governo federal planeja “estagnar” as conversas acerca do acréscimo das despesas públicas e agora não é aceito nenhum gasto, declarou hoje o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista à Record.
“Ampliação de gasto público acontece em casos de demanda obrigatória. Encontramo-nos em um momento em que vamos congelar o diálogo sobre aumento de despesas, até conseguir a rota da sustentabilidade dos gastos. Por agora, nenhum aumento de despesa é bem-vindo, exceto os necessários”, afirmou Haddad ao veículo, conforme texto divulgado anteriormente no R7.
Este mês, o governo Lula emitiu uma medida provisória com uma série de ações para garantir o cumprimento da meta fiscal de déficit zero deste ano, após a revogação de um decreto em maio — que havia elevado as taxas de IOF para diversas operações com o intuito de alcançar o mesmo objetivo — após reações desfavoráveis de diversos setores.



Com a MP, o governo tem se concentrado principalmente em medidas de arrecadação, entretanto uma parte do mercado continua a criticar a ausência de ajustes pelo lado das despesas e a apresentar desconfiança em relação ao compromisso do governo com as metas fiscais.
Índice Selic
Haddad mencionou também que está inquieto com o nível atual da taxa básica Selic e que a considera bastante restritiva em termos das expectativas de inflação.
Na última semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a Selic em 0,25 ponto percentual, para 15,00% ao ano, o ponto mais alto desde julho de 2006, destacando a resistência da atividade econômica. Na ata da reunião, divulgada hoje, o colegiado frisou que grande parte do impacto dos aumentos da Selic ainda está por vir e, por esse motivo, o ciclo de elevação deve ser interrompido no futuro.
Segundo Haddad, a continuidade do ciclo de alta observado na decisão mais recente do Copom é uma herança do ex-presidente do BC Roberto Campos Neto que o atual chefe da autarquia, Gabriel Galípolo, não pode modificar.
“Essa elevação, para ser bem franco, quem entende do assunto sabe, foi acordada na última reunião com a presença de Roberto Campos, em dezembro. É quase como se tivesse sido estabelecido um acordo futuro da taxa. Não se pode mudar abruptamente a política monetária, pois perderá credibilidade. Deve-se proceder com muita cautela”, afirmou à Record.
A última reunião do Copom em que Campos Neto participou foi a de dezembro, quando a Selic foi fixada em 12,25% ao ano. Desde então, ocorreram quatro reuniões com Galípolo — indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva — no comando do BC, em janeiro, março, maio e junho. Em todos os encontros a Selic subiu, resultando em um aumento de 2,75 pontos percentuais no período.
Incentivo ao crédito
Na conversa com a Record, conforme trecho divulgado pelo canal, Haddad confirmou também que o governo Lula analisar maneiras de impulsionar o crédito imobiliário no Brasil.
“O Brasil tem o crédito imobiliário na casa dos 10% do PIB. Países como o Chile apresentam 30%. Já na Austrália, é superior a 100% do PIB. Portanto, ainda temos muito a avançar”, observou Haddad.
“Neste momento, realizamos uma longa reunião com o presidente Lula… para explorar novos instrumentos de crédito imobiliário, com garantias, de modo que as taxas sejam baixas, possibilitando impulsionar uma indústria crucial para o progresso do país, que é a indústria da construção civil”, acrescentou.
A entrevista completa será transmitida pela Record News.
Fonte: Money Times