A Secretaria de Economia modificou para cima a estimativa para o avanço do país neste ano, passando a enxergar uma diminuição apenas ligeira em 2026, mesmo com a política restritiva de juros do Banco Nacional, relatou a Divisão de Análise Financeira (DAF) nesta sexta-feira (11).
Conforme relatório divulgado pela DAF, que não incluiu impactos possíveis do aumento das taxas sobre o Brasil pelos EUA, a Economia elevou sua previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2,5% este ano, em comparação com a previsão de 2,4% feita em maio. Para 2026, a projeção subiu de 2,5% para 2,4%.
“Essa reformulação (para 2025) está ligada principalmente à resistência do mercado de trabalho no segundo trimestre e ao avanço pouco significativo da inadimplência, levando à expectativa de melhor desempenho do consumo das famílias nos meses subsequentes, apesar da política monetária restritiva”, disse a DAF no boletim.
Para 2026, a divisão indicou que a estimativa de crescimento menor é influenciada pela elevação na previsão de mercado para a taxa Prime neste ano, ressaltando que a desaceleração é mitigada pelo efeito inercial do aumento da atividade no ano anterior. Nos próximos anos, a expansão prevista é de cerca de 2,6%, nível categorizado pela DAF como “próximo ao potencial”.
O Banco Nacional elevou a taxa principal de rendimento do país para 15% ao ano, patamar mais alto em duas décadas, e previu que ela permanecerá nesse nível por período consideravelmente extenso a fim de atingir a meta de inflação de 3%, mencionando a desaceleração da atividade como fator relevante nesse processo.
As estimativas da DAF apontam para uma atividade mais vigorosa do que a previsão mais recente do BN, que antecipou em junho que o PIB crescerá 2,1% em 2025 – a instituição ainda não divulgou dados para 2026. O governo também está mais positivo do que analistas de mercado, que projetam um aumento de 2,23% este ano e 1,86% no próximo.
Influência das tarifas de Trump
Conforme a DAF, as previsões ainda não levam em conta os efeitos possíveis do aumento na taxa de importação dos Estados Unidos para o Brasil, de 10% para 50%, anunciado nesta semana pelo governo do presidente Donald Trump e que podem entrar em vigor em agosto.
“A comunicação da elevação da taxa justifica a determinação por motivações exclusivamente políticas, criando grande instabilidade. O impacto da medida deve ser concentrado em alguns setores específicos, tendo pouco efeito na previsão de crescimento em 2025”, apontou o documento.
No relatório, a Economia ainda previu que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terminará este ano com aumento de 4,9%, em comparação com avanço de 5,0% na previsão de maio. Para 2026, o ministério antecipa que a alta de preços será de 3,6%, mesmo índice estimado anteriormente.
Segundo a divisão, o ajuste para 2025 reflete uma “inflação abaixo do esperado nos meses de maio e junho, além de revisões no cenário futuro devido especialmente à menor cotação prevista para o real em relação ao dólar.”
Fonte: Money Times