A região latino-americanatem sido historicamente favorável ao crescimento do segmento de moedas virtuais. Dentro desse contexto, a Bitget, uma das principais plataformas de transações com ativos digitais (exchange) global, busca expandir sua presença na região.
Em uma entrevista exclusiva para o , o executivo de negócios(CBO) da Bitget na América Latina, Min Lin, compartilhou sua visão sobre os planos de expansão da empresa.
“Dada a dimensão do mercado, existe um potencial significativo. Por isso, quando buscamos aumentar nossas operações, focamos em economias em crescimento”, destaca Lin, que possui mais de cinco anos de experiência no Goldman Sachscomo diretor executivo da área de mercados globais.


Para fortalecer sua presença local, a corretora sediada em Seychelles tem estabelecido parcerias com empresas para oferecer produtos relacionados a moedas virtuais. Além de atender investidores institucionais, a plataforma também tem opções voltadas para o varejo.
Atualmente, a plataforma, que atingiu recentemente a marca de 100 milhões de usuários em mais de 200 países e territórios, movimenta cerca de US$ 2,3 bilhões diariamente em ativos digitais, conforme dados do Coin Market Cap.
Entre as áreas de interesse da exchange, a América Latina, e mais especificamente o Brasil, foram destacados por Lin como “locais chave” para o futuro das moedas virtuais.
No Brasil, a corretora iniciou suas atividades e escolheu Guilherme Prado como o primeiro diretor regional da Bitget no país, em fevereiro deste ano.
Bitget e a legislação na região
A crescente aceitação das moedas virtuais na América Latina trouxe consigo a necessidade de regulamentações nesse setor.
Enquanto a região ainda está em processo de estabelecer diretrizes claras, já se encontra à frente de países como os Estados Unidos, impactados pelo caso da Ripple, conforme mencionou Lin.
Ele se refere à ação recentemente encerrada da SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, contra a Ripple, desenvolvedora da moeda digital XRP (XRP), que gerou incertezas no setor de ativos digitais globalmente.
Nos tribunais, a SEC alegava que a Ripple estava distribuindo títulos de forma ilegal.
Sobre esse tema, Lin argumenta que as moedas virtuais não devem ser rotuladas como títulos, mas sim como uma nova categoria de ativos.
“Essa classificação não é precisa, em nossa visão. Estamos pleiteando a definição de uma categoria específica para ativos digitais, que se diferencia de valores mobiliários ou commodities”, destaca o diretor da Bitget.
Ele também enfatiza que um mesmo ativo pode apresentar diversas propriedades e funcionalidades, dificultando sua categorização em uma definição única.
Além disso, havia receio no mercado de que a SEC poderia iniciar uma ação conhecida nos EUA como regulação por imposição, que poderia resultar em normas mais rígidas para o segmento.
“A ausência de regulamentações severas é um sinal bastante positivo e representa uma grande vantagem para nós, como indústria”, destaca o diretor da Bitget para a América Latina. “Do mesmo modo, se ocorrer uma regulamentação [nos Estados Unidos], outros países da América Latina podem adotar a mesma abordagem usando os EUA como modelo”.
Vale ressaltar que o Brasil é um dos poucos países que possui regulações mais definidas sobre moedas virtuais e ativos digitais — embora, na visão de agentes do mercado, tais regulamentações ainda sejam insuficientes dada a dinâmica do setor.
Perspectivas futuras
Entre os segmentos que despertam maior interesse de Min Lin estão aqueles com aplicabilidade no mundo físico, como é o caso dos ativos reais (real world assets), finanças descentralizadas (DeFi) e tecnologias relacionadas à inteligência sintética (IA).
Quanto a esse último ponto, Lin revela que algumas aplicações já estão em uso em casos específicos dentro da própria Bitget. No entanto, disponibilizar um produto mais estruturado, como um Agente de IA (AI Agent) próprio da plataforma, por exemplo, ainda é um objetivo distante.
“Atualmente, os agentes de IA não são suficientemente robustos para possibilitar negociações automatizadas no estágio em que nos encontramos”, explica.
“Isso não indica que isso não ocorrerá em algum momento, mas no momento, ao avaliar os diversos frameworks e modelos lançados no mercado, são programas capazes de auxiliar em certas atividades de negociação, mas não constituem inteligência artificial. Ainda não atingimos esse patamar”, afirma Lin.
No âmbito operacional, a Bitget já emprega IA para automatizar algumas tarefas internas. Lin também destaca que, apesar dos potenciais benefícios que a inteligência artificial pode proporcionar — tanto para clientes como para empresas —, não é algo que deva ser implementado a curto prazo.
Fonte: Crypto Money