A redução recente do dólar em relação a outras moedas em todo o mundo fez com que houvesse incerteza no mercado sobre a singularidade dos Estados Unidos. Desde o início do ano, a moeda já desvalorizou aproximadamente 10% em comparação com moedas fortes.
Entretanto, segundo a análise do ASA, a fraqueza atual da moeda é apenas temporária, indo de encontro ao pensamento predominante no mercado.
“Nossa percepção é de que o mercado exagerou nesse ponto. Acredito que há uma probabilidade maior de o dólar se valorizar ou possivelmente permanecer no patamar atual”, declarou o diretor de investimentos global, Charles Ferraz, durante um painel na Expert XP nesta sexta-feira (25).



Segundo Ferraz, essa perspectiva é apoiada pelo cenário econômico dos Estados Unidos. “As empresas continuam apresentando resultados sólidos, o que não é observado em outros países. Portanto, a possibilidade de saída de capital dos Estados Unidos existe, porém não tão acentuada ainda.”
“O dólar tende a se fortalecer. Preferimos manter uma carteira mais variada, mas, no momento, estamos um pouco mais expostos ao dólar do que em outras circunstâncias”, acrescentou.
Por que o dólar sofreu queda?
Segundo o chefe de investimentos globais, parte da desvalorização do dólar no primeiro semestre deste ano está relacionada às “expectativas frustradas” em relação ao governo Trump.
“A condução da política econômica pelo governo americano tem sido surpreendente. As expectativas eram muito otimistas, com a ideia de que o presidente [Donald Trump] adotaria uma postura mais voltada para permitir que o sistema econômico e os agentes econômicos alocassem os recursos de forma eficaz”, afirmou Ferraz.
No entanto, “vimos um governo muito mais intervencionista, tentando implementar políticas econômicas questionáveis do ponto de vista da eficácia das tarifas para alcançar determinados objetivos”, acrescentou.
Apesar da “frustração”, o ASA mantém uma visão positiva para os mercados de ações nos Estados Unidos.
Atualmente, a política fiscal é o principal motivo de preocupação e deve exercer mais pressão sobre os títulos do Tesouro, conhecidos como Treasuries, a longo prazo.
“One Big Beautiful Bill terá consequências em algum momento. O mercado começará a levar isso em consideração e, quando isso acontecer, provavelmente veremos os juros mais longos subirem”, disse o diretor de investimentos globais, Charles Ferraz.
O pacote de cortes de impostos e gastos foi aprovado por Donald Trump no início de julho e aumenta a dívida pública dos EUA em mais de US$ 3 trilhões.
Fonte: Money Times