O segmento das moedas virtuais foi resiliente diante da divulgação de aumentos de tarifas pelo líder norte-americano, Donald Trump, na recente quarta-feira (2). No entanto, o perigo predominante no ramo dos ativos digitais não repousa nos Estados Unidos, mas sim no esteio desse campo: as criptomoedas estáveis.
Essa famosa categoria de ativos digitais possui lastro em bens reais do mundo. As mais conhecidas são aquelas que mantêm uma equivalência com o dólar dos EUA e compõem um mercado com mais de US$ 235 bilhões dentro do universo dos ativos digitais, segundo o consolidador DeFi Llama.
Quem direciona a atenção para o perigo das criptomoedas estáveis no mercado de moedas virtuais é Gracy Chen, diretora executiva da Bitget.


“A mudança nas criptomoedas estáveis representa uma ameaça sistêmica de maior envergadura para o ecossistema de moedas virtuais do que uma redução no bitcoin, dado que elas são cruciais para a liquidez, para o universo DeFi e para a confiança dos utilizadores”, observa Chen.
Ela recorda o impacto que o colapso do ecossistema Terra (LUNA), em 2022, gerou no mercado global dos ativos digitais — acarretando em uma série de problemas adicionais, como a ruína de protocolos e empresas do setor.
Os contratempos com as criptomoedas estáveis
Chen esclarece que a atual transparência do setor e a qualidade dos garantias, bem como a responsabilidade entre os principais emissores de criptomoedas estáveis são deficientes.
“A ausência de auditorias completas da Tether, a exposição do USDC às ameaças bancárias e a fragilidade das criptomoedas estáveis algorítmicas evidenciam a fragilidade do mercado perante o próximo evento de desligamento”, enuncia.
Neste momento, duas das dez principais criptomoedas do mundo são criptomoedas estáveis: a USDC (USDC), da Coinbase, e a Tether (USDT), emitida por uma firma homônima.
Para reduzir os riscos, a diretora executiva da Bitget sustenta que o mercado deve implementar auditorias em tempo real, privilegiar garantias de alta qualidade — como os títulos do Tesouro dos EUA, por exemplo —, reforçar a supervisão normativa e diversificar a utilização de criptomoedas estáveis para diminuir a dependência de uns poucos líderes dominantes no mercado atualmente.
Mecanismos de teste de pressão e a instrução dos utilizadores sobre os riscos também são etapas essenciais. “A Bitget apoia ativamente esses esforços procurando padrões mais exigentes, explorando a verificação on-chain e instruindo os utilizadores para garantir a resiliência do ecossistema”, finaliza.
Elemento primordial do mercado
Em conformidade com Guto Antunes, head da Itaú Digital Assets, as moedas com lastro estão destinadas a ser o próximo grande setor de destaque para os investidores.
E isso está associado à aparição do líder dos Estados Unidos, Donald Trump, no Crypto Summit, um evento que teve a participação de executivos do ramo de moedas virtuais — no qual Antunes também marcou presença.
“Quando o Trump participou, ele abordou especificamente as criptomoedas estáveis, o que despertou interesse”, comenta, mencionando a rejeição do presidente dos EUA à criação de um dólar digital, mas o elogio a iniciativas de moedas virtuais lastreadas na moeda dos EUA. Leia mais aqui.