A celebração do Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) terá lugar durante este período, entre terça-feira (6) e quarta-feira (7), e a visão do BTG Pactual sugere que será aprovado um acréscimo de 0,50 ponto percentual (p.p.), aumentando a na taxa crucial de juros, a Selic, para 14,75% ao ano.
Os analistas Claudio Ferraz, Bruno Martins e Bruno Balassiano, os quais subscrevem o relatório, recordam que, na última sessão, o Copom já havia indicado um novo aumento nos juros, ainda que a um ritmo mais lento. Apesar dessa sugestão de abrandamento, o anúncio e a ata da reunião de março apresentaram um tom “mais agressivo do que o previsto”.
“A subida das tensões comerciais globais — provocada pelas tarifas aplicadas pelos Estados Unidos e pelas medidas de retaliação da China — introduziu novas incertezas no quadro internacional”, afirmam. “Para o Brasil, no entanto, os efeitos previstos são de natureza a reduzir a inflação, ainda que permaneçam algumas dúvidas”, completam os analistas.



O grupo também acrescentou que os estímulos à procura interna, já em vigor pelo governo, devem “compensar esses efeitos redutores da inflação” provenientes do exterior. Entretanto, um cenário caracterizado por uma inflação elevada, um crescimento econômico acima do potencial e expectativas desvinculadas continuam a exigir uma “postura sólida” do Banco Central.
O que aguardar do Copom?
Desde a última reunião, a comunicação de Gabriel Galípolo e membros do BC tem refletido uma abordagem mais prudente e adaptável.
Para o presidente do BC, a orientação emitida para a reunião de maio permanece vigente. “Tudo o que foi dito na comunicação anterior permanece válido, essa é a nossa posição”, afirmou.
Para Nilton David, diretor de Política Monetária do BC, a desaceleração global induzida por tarifas é virtualmente inevitável, e provavelmente exercerá efeitos a reduzir a inflação sobre o Brasil.
O diretor sublinhou que a política monetária já é altamente limitativa e que indícios de desaceleração da atividade, como a estabilização do IBC-Br, indicam que os efeitos das elevações recentes nos juros estão começando a se concretizar — mesmo com a força do mercado de trabalho. David também alertou sobre a visão limitada acerca do cenário externo e a necessidade de interpretar os dados recentes com moderação.
Já Diogo Guillen, diretor de Política Econômica, frisou que o ambiente atual exige gradualismo e elevado grau de prudência, com o Copom evitando indicações explícitas sobre futuros movimentos, dada a natureza inédita do ciclo presente.
Paulo Picchetti, diretor de Assuntos Internacionais do BC, enfatizou que a inflação permanece alta, persistente e disseminada. Conforme ele, a política monetária deve manter uma tática conservadora perante um cenário de incerteza, destacando a necessidade de tempo para que seus efeitos se manifestem plenamente.
Para a reunião de junho, o BTG Pactual reitera sua projeção de um aumento adicional de 0,25 pontos percentuais (p.p.), o que elevaria a taxa Selic final para 15% ao ano, com a política monetária permanecendo em território restritivo por um período prolongado. “A probabilidade desse acréscimo final diminuiu e estaremos atentos à comunicação do Comitê”, completam.
E a inflação?
Na análise da equipe do banco, a dinâmica da inflação permanece sob pressão, embora com leve melhoria.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março ficou em 0,56% (5,48% em 12 meses), ligeiramente acima da mediana das projeções — ainda refletindo o enfraquecimento de choques não recorrentes, como energia elétrica e educação.
Já o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), prévia da inflação de abril, registrou uma leitura um pouco mais favorável. No período, a inflação desacelerou para 0,43% (5,49% em 12 meses), abaixo da observada em março, auxiliada pela deflação nas passagens aéreas e pela estabilização nos preços administrados — especialmente transporte urbano e produtos farmacêuticos, além da melhoria nos serviços básicos.
Neste cenário, a expectativa de inflação para os próximos meses mantém-se elevada, com apenas um decréscimo gradual nos serviços e riscos de alta concentrados em alimentos. Contudo, a resistência da demanda interna e o impulso adicional do crédito proveniente dos empréstimos consignados em folha de pagamento recentemente emitidos acrescentam novos desafios ao processo de redução da inflação.
“Conservamos nossas estimativas para o IPCA em 5,7% para 2025 e 4,5% para 2026, com riscos de curto prazo inclinados para baixo, especialmente devido ao potencial de reduções nos preços dos combustíveis”, informam.
O balanço de riscos permanece altamente incerto. Isso porque, segundo o BTG, enquanto estímulos fiscais e de crédito domésticos sugerem pressão ascendente, a desaceleração global e possíveis efeitos a reduzir a inflação provenientes da guerra comercial podem atenuar algumas dessas pressões.
Dessa forma, a gestão da política monetária “requer cautela redobrada para assegurar a convergência das expectativas de inflação para a meta”.
Fonte: Money Times