O ramo automobilístico está lidando com a suposição de que o decreto que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) será cancelado ou modificado de maneira significante até o final desta semana, conforme indicado por Igor Calvet, presidente da associação de montadoras, Anfavea, hoje, quinta-feira (5).
“Fomos pegos de surpresa pela medida, porém estamos confiantes de que será revogada ou sofrerá mudanças drásticas”, declarou o executivo durante uma entrevista coletiva sobre os dados do setor automotivo em maio.
“A indicação que recebemos é que teremos boas novidades em relação ao IOF”, acrescentou.




No dia 3 (terça-feira), o ministro da Economia, Fernando Haddad, mencionou que há margem para ajustes no decreto do IOF se as medidas fiscais estruturais em discussão pelo governo progredirem, explicando que as ações não serão anunciadas antes de uma reunião com líderes partidários do Congresso Nacional marcada para o domingo (8).
Calvet informou que a Anfavea ainda não conseguiu mensurar os impactos da ampliação do IOF, que afetou diversas áreas do setor automobilístico, como estoques, fornecedores, importações e vendas diretas.
No entanto, o presidente da Anfavea observou que, “teoricamente”, o aumento do imposto pode impactar as transações de veículos devido ao aumento de custos, os quais terão que ser absorvidos pelas empresas ou repassados aos clientes através de aumentos de preços.
Além do aumento do IOF, outra preocupação recente da entidade é a limitação imposta pelo governo chinês em abril em relação à exportação de elementos raros, minerais essenciais em várias peças automotivas.
Nesta semana, várias fábricas e linhas de produção de fornecedores europeus de autopeças foram fechadas devido à escassez desses materiais.
“Começamos a avaliar esse assunto algumas semanas atrás. Essa medida, em teoria, pode trazer desafios para o Brasil”, disse Calvet. Contudo, o executivo enfatizou que até o momento o setor no país não sentiu “impactos imediatos”.
Fabricação de veículos
A produção de veículos no Brasil caiu 5,9% em maio em relação ao total montado em abril, influenciada em parte pelas importações, que voltaram a aumentar no país.
O volume fabricado no último mês totalizou 214,7 mil veículos, reduzindo o crescimento acumulado até maio para 10,7%, chegando a 1,026 milhão de unidades, conforme dados apresentados pela Anfavea hoje, quinta-feira (5).
Enquanto isso, as vendas de carros importados aumentaram 6,4% em maio em relação a abril e 20,6% comparado ao mesmo período em 2024, totalizando 39,7 mil unidades. No acumulado, houve uma expansão de 19% nesse segmento, atingindo 189,8 mil veículos.
“Isso equivale a uma fábrica média e 5 mil empregos”, afirmou Calvet, referindo-se às vendas de veículos importados acumuladas este ano no Brasil. O executivo reiterou a posição de que o país não deve considerar reduções de impostos sobre kits de peças usados na montagem de veículos completos, conhecidos como CKD e SKD.
Apesar do aumento nas vendas de importados, a participação deles no total vendido no Brasil registrou o quarto declínio consecutivo em maio, caindo para 17,6%. Em janeiro, essa parcela havia sido de 23%, o maior nível para qualquer mês desde pelo menos 2022, de acordo com dados da Anfavea.
A Argentina foi responsável por 85,7 mil unidades das vendas de importados no Brasil no acumulado deste ano, um aumento de 45,2% em relação ao mesmo período de 2024, enquanto a China contribuiu com 58,12 mil unidades, representando um crescimento de 36%, segundo informações da Anfavea.
“Entretanto, com a Argentina temos um comércio bilateral. São mercados complementares, mas com a China, nosso parceiro comercial, temos apenas uma via, que é a importação”, comentou o presidente da entidade.
O aumento nas exportações, as maiores desde agosto de 2018, quando as montadoras brasileiras despacharam 56 mil unidades para o mercado externo, ajudou a evitar uma queda maior na produção de veículos no país em maio.
De acordo com a Anfavea, as exportações de maio totalizaram 51,5 mil veículos, um aumento de 11,3% em relação a abril e de 92,6% comparado ao mesmo mês de 2024. O desempenho foi impulsionado pela Argentina, que alcançou um crescimento nas vendas internas de 78% este ano, conforme Calvet mencionou.
No acumulado até o final de maio, o setor automotivo brasileiro exportou 213,5 mil veículos, um crescimento de 56,6% em relação ao mesmo período em 2024.
Neste mês, a Anfavea não divulgou informações sobre os estoques de veículos novos no Brasil, mas Calvet indicou que permaneceram estáveis em relação às 254,8 mil unidades em abril. O executivo justificou a falta de números precisos, alegando que a entidade está “reavaliando a metodologia de cálculo dos estoques”.
Fonte: Money Times