As cotações doMéliuz (CASH3)têm subido mais de 110% desde o momento em que a companhia começou a utilizar uma estratégia de tesouraria envolvendocashback e bitcoin (BTC). Hoje, o BTG Pactual publicou um relatório retomando a análise dos papéis e recomendandocompra.
Com isso, o BTG também aumentou oobjetivo de preço dos ativos para R$ 10,00, representando um potencial de valorização de 43% em comparação com o fechamento de ontem.
Mas o que impressionou os analistas na nova estratégia de acumulação de bitcoin?



RETORNANDO alguns meses, a Méliuz revelou em março deste ano sua decisão de se tornar umaEmpresa de Acúmulo de Bitcoin (em poucas palavras, uma companhia que acumula bitcoin, a principalcriptoativo do mercado e conhecida como o “ouro digital”).
Embora seja uma abordagem nova para negócios — os próprios especialistas confessam ter começado a estudar o modelo recentemente —, o relatório destaca que essa é uma “aposta que merece risco”, realçando, entre outras coisas, o potencial de valorização do bitcoin.
“Nossa reação inicial ao anúncio [de acumulação de BTC] foi de surpresa e incredulidade”, afirmam os analistas Ricardo Buchpiguel, Eduardo Rosman e Thiago Paura, responsáveis pelo estudo.
“Entretanto”, continuam, “com o incremento de 114% no valor das ações desde que a estratégia foi divulgada, ficou claro que estávamos negligenciando algo”.
Méliuz (CASH3) e o bitcoin (BTC): Uma visão aprofundada nos negócios
Segundo os analistas, a estratégia de investimento da Méliuz se baseia em quatro pilares essenciais — sendo, obviamente, a performance do bitcoin o mais importante deles.
Os outros são:
- A avaliação de sua operação de cashback já existente;
- A elevada volatilidade das ações CASH3;
- E a aptidão da empresa para emitir passivos ou instrumentos híbridos (como debêntures conversíveis ou ações preferenciais) vinculados ao bitcoin (BTC).
No caso do BTG, os especialistas consideram sobretudo o desempenho do bitcoin, a avaliação da operação já existente e a volatilidade das ações em suas análises.
Começando pelo valuation, a atividade de cashback é avaliada em R$ 400 milhões, aproximadamente 6 vezes o valor da empresa sobre o Ebitda (EV/Ebitda).
Na visão dos especialistas, a unidade deve perder relevância à medida que a participação da estratégia de bitcoin cresce ao longo do tempo.
Quanto à volatilidade dos papéis, o BTG salienta que Empresa de Acúmulo de Bitcoin “negociam volatilidade e diversas exposições ao BTC”.
“Ao contrário das empresas convencionais, essas companhias geram valor não por meio de atividades centrais, mas sim aumentando a quantidade de bitcoins por ação (BTC/ação) por intermédio da emissão de instrumentos financeiros — como ações, debêntures conversíveis, ações preferenciais e warrants”, explicam.
Variação e discrepância
Desta forma, a significativa volatilidade dos papéis dessas empresas resulta na comercialização desses instrumentos vinculados a opções em termos mais favoráveis para a empresa.
Tendo como exemplo a Estratégia (anteriormente Microestratégia), a empresa frequentemente emite debêntures conversíveis com juros próximos de zero e preços de exercício de opções elevados.
“Como alguns investidores procuram exposição ao bitcoin com salvaguardas, eles estão dispostos a adquirir esses conversíveis — mesmo que isso signifique renunciar a parte do potencial de valorização do próprio BTC”.
Em última análise, essas empresas listadas aproveitam seu status público para oferecer exposição estruturada ao bitcoin por meio de diferentes perfis de risco, enquanto capturam valor de cada emissão.
As incertezas da estratégia de bitcoin da Méliuz
Como previsto, um desempenho frágil do bitcoin pode comprometer a estratégia da Méliuz. Além disso, apontam os analistas, tudo pode ruir se qualquer um dos pilares mencionados anteriormente vacilar e não for contrabalanceado pela solidez dos demais.
“Então, se o bitcoin tiver um desempenho negativo nos próximos anos, o investidor não apenas estará exposto a um ativo em desvalorização, como a empresa também poderá ter dificuldades para emitir novos títulos de dívida — o que implica que o investidor teria pago um prêmio de mNAV sem aproveitar os benefícios do rendimento em BTC”, comentam.
É importante lembrar que o mNAV é amúltiplo do Valor Líquido dos Ativos, a correlação do valor de mercado da empresa com o valor de mercado dos seus bitcoins em custódia.
Portanto, os analistas não descartam a possibilidade de a empresa não conseguir obter capital para adquirir mais bitcoins, o que comprometeria a base do modelo. Ademais, é praticamente impossível prever com certeza o preço do BTC.
Enquanto isso, a Méliuz não encara um risco semelhante ao que a própria Estratégia enfrentou com o mercado de baixa do bitcoin em 2022, que é ter que se desfazer de suas participações na criptomoeda a preços reduzidos.
Fonte: Money Times