Aumento da alíquota Selic para 15% pelo Conselho de Política Monetária (Copom), divulgada na quarta-feira (18), veio com um sinal forte para o mercado: os juros ficarão elevados por mais tempo. A análise é do UBS BB, que ressaltou a inclusão da palavra “muito” no comunicado do Banco Central como um aviso direto para frear especulações sobre cortes a curto prazo.
“Quando o Conselho menciona manter as taxas por um período muito prolongado, está deixando claro que não deseja ver diminuições precificadas ainda em 2025”, afirmou a equipe do UBS em documento recente.
Segundo o banco, a decisão pegou parte do mercado de surpresa, que estava dividido entre manter e um aumento de 25 pontos-base, com cerca de 65% de chance para a elevação já precificada.


A adição do termo “muito” foi interpretada como uma resposta à movimentação recente do mercado futuro e às projeções do panorama Focus, que até duas semanas atrás ainda previam cortes na Selic a partir de janeiro. O UBS argumenta que essa precificação não condiz com a perspectiva de convergência da inflação, reforçando a postura mais rígida da autoridade monetária.
Apesar do Copom ter indicado o término do ciclo de alta, o UBS considera que a atitude continua sendo hawkish e vigilante. “Apesar de manter a linguagem de que o Conselho ‘permanece vigilante’, essa expressão perdeu intensidade. Ainda assim, o BC deixou aberta a possibilidade de retomar os aumentos, se necessário”, afirmaram os economistas.
O banco estima que a alíquota Selic permanecerá em 15% por mais 11 meses, até abril de 2026. Em um cenário alternativo, os cortes poderiam iniciar em março, mas dificilmente antes disso.
Real como escolha principal do UBS
Apesar de boa parte do movimento já estar precificada, o UBS mantém otimismo em relação ao real. A avaliação é que a decisão do Copom deve dar apoio à moeda brasileira, contribuindo para manter o dólar sob pressão.
“O real continua como nossa principal aposta de compra na América Latina”, afirmou o banco, mencionando valuation atrativo, com valor justo estimado em R$ 5,20, e o diferencial de juros como principais fundamentos.
A instituição mantém posições compradas em BRLMXN e vê bom potencial de retorno também em BRLCOP.
Risco de cortes em 2026
No mercado de juros, a projeção do UBS é de que os cortes começarão a partir do segundo trimestre do próximo ano, em incrementos de 50 pontos-base por reunião. O tom mais rigoroso do BC pode impactar os vértices mais curtos da curva, como o trecho entre janeiro de 2026 e janeiro de 2027, onde aproximadamente 100 pontos-base em cortes no primeiro semestre já estão precificados.
“Apesar da situação atual justificar juros elevados, uma desaceleração do crescimento no terceiro trimestre — prevista em 0% na comparação trimestral — pode fazer o mercado questionar a postura do BC, caso não ocorram novos choques cambiais, de petróleo ou inflacionários”, disse o UBS.
Fonte: Money Times