A XP Investimentos adiantou a previsão para o começo dos cortes da Selic de janeiro para abril de 2026, em face de um panorama de câmbio mais valorizado e inflação mais suave.
“O nosso cenário anterior indicava o início do ciclo de cortes somente no segundo trimestre de 2026, quando o Copom já estará focando na inflação de 2027. Porém, ajustamos algumas estimativas, o que tornou o panorama da inflação de curto prazo mais benigno”, afirmam.
Dentre as projeções atualizadas, estão as do câmbio. A instituição rebaixou as previsões da taxa, de R$ 5,80 para R$ 5,50 por dólar no final de 2025 e de R$ 6,10 para R$ 5,70 em 2026.




De acordo com a equipe liderada pelo economista-chefe Caio Megale, o dólar está em trajetória de desvalorização e, internamente, a expectativa de reformas fiscais a partir de 2027 e a atuação rápida e firme do Banco Central no ciclo de elevação dos juros explicam a valorização do real.
O dólar mais frágil levou a instituição a reduzir também a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025, de 5,5% para 5,0%.
Os economistas ressaltam que a inflação de curto prazo continua surpreendendo para baixo, com quedas nos preços de alimentos e produtos industrializados. A inflação de serviços também desacelerou, porém segue sob pressão devido ao mercado de trabalho e renda aquecidos. A energia elétrica traz volatilidade a curto prazo, enquanto combustíveis e alimentos devem seguir contendo os preços.
Para 2026, a previsão de inflação passou de 4,7% para 4,5% — o limite máximo do intervalo de tolerância da meta —, considerando a menor inércia dos preços de 2025 para o ano seguinte.
À medida que o panorama de câmbio e IPCA se materializa, as expectativas de inflação para 2026 tendem a declinar. “O BC deve gradativamente ganhar confiança de que o esforço da política monetária está tendo efeito”, afirmam Megale e equipe.
Até onde chegarão os cortes da Selic?
Com o início do relaxamento monetário previsto para janeiro de 2026, a XP projeta cinco reduções consecutivas de 0,50 ponto percentual da Selic, com a taxa básica terminando o ano em 12,5%.
O principal risco para a convergência da inflação continua sendo o hiato do produto, que deve permanecer estreito. “Existem alguns indícios de desaceleração, mas ainda insuficientes, em nossa análise”, dizem, destacando que isso justifica a manutenção da previsão da Selic final.
Os economistas também apontam que avanços adicionais são necessários para que a política monetária se aproxime do nível neutro.
“Para que a taxa Selic se aproxime do patamar de juro neutro – estimamos em cerca de 5,5% em termos reais – será preciso observar mais progressos no reequilíbrio da oferta e demanda da economia e, principalmente, em reformas fiscais que tornem a trajetória da dívida pública mais sustentável a partir de 2027”.
Fonte: Money Times