João Galassi, líder da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), sustenta que existem distorções na política tributária nacional e indaga sobre os tributos mais reduzidos destinados às apostas em comparação com produtos alimentares.
“Atualmente, os tributos sobre apostas giram em torno de 12%, enquanto para itens como biscoitos e manteiga são de 34,58% e 36,26%, respectivamente. O Governo Federal declarou que essa taxa para apostas poderia chegar a 18%, porém eu questiono: por qual motivo não estabelecemos o limite máximo da alíquota para apostas e implementamos o tributo seletivo para alcançar 50%? As apostas estão causando danos às nossas famílias”, expressou durante o 2º Brasília Summit, encontro promovido pelo grupo empresarial LIDE.
Conforme dados do Serviço Social da Indústria (SESI), estima-se que cerca de 25 milhões de brasileiros participem de casinos online, sendo que 86% deles estão endividados e 64% com o nome negativado.



Além disso, outra informação evidencia que 76% das despesas das classes D/E com entretenimento e cultura são absorvidas pelas apostas. Conforme cálculos do Banco Central (BC), os cidadãos brasileiros apostam em torno de R$ 30 bilhões mensalmente.
No começo do painel “A relevância do agro brasileiro para garantir a segurança alimentar”, Galassi ressaltou a importância do agronegócio brasileiro em suprir sua própria cadeia produtiva.
“O setor corresponde a 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, atendendo 80% do consumo interno e sendo responsável por 200 cadeias de produção. Somos uma potência na fabricação de alimentos. 72% da carne produzida no país é consumida aqui, juntamente com 100% dos ovos e feijão, além de 93% do arroz. Nós alimentamos o mundo, mas o mais importante é que nos alimentamos a nós mesmos. Isso só é possível graças à indústria, varejo e ao próprio setor agrícola”, explanou.
O deputado federal e líder da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion, ressaltou que o setor não deve ser prejudicado e que a política não deveria “inserir-se dentro da porteira”, algo que, segundo ele, está ocorrendo.
“Enfrentamos diversos desafios no setor e, por essa razão, somos contrários à tributação de IOF e das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), que tanto auxiliam no financiamento do nosso setor. Quanto aos impostos, um exemplo que posso citar é que 95% de nosso tabaco é exportado, sendo que entre 60% e 65% do produto é contrabandeado e entra no Brasil sem taxação. Além disso, os grandes shoppings continuam vendendo os denominados ‘vapes’ sem qualquer fiscalização ou tributação”, acrescentou.
Também no painel, Francisco Matturro, fundador da Agrishow, defendeu o ano comercial agrícola no Brasil ao longo de um ano civil, de janeiro a dezembro. Para ele, essa mudança traria maior previsibilidade para investimentos.
Fonte: Money Times