Desde que o chefe dos Estados Unidos, Donald Trump, tornou público seu confronto comercial contra diversos países, os empreendedores brasileiros aguardam com expectativa os impactos práticos em seus negócios.
A situação não difere no setor do agribusiness. De acordo com Marcel Moreira, vice-secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), já estão em andamento discussões entre representantes dos dois governos.
“Há a expectativa da presença da secretária de Agricultura (Brooke Rollins) para uma reunião com o ministro Carlos Fávaro. A data ainda não foi definida”, declara Moreira em entrevista exclusiva ao Money Times.



Enquanto tenta resolver os problemas tarifários por meio de diálogos à distância com os representantes norte-americanos, Moreira destaca que o governo está intensificando a estratégia de diversificação das exportações agropecuárias, tanto em itens quanto em destinos.
“Continuamos empenhados em auxiliar os setores mais tradicionais em exportações. No entanto, estamos buscando mercados inexplorados. No ano passado, produtos não convencionais, como pimenta-do-reino, cravo-da-índia e gergelim, aumentaram em 20% as vendas para o exterior”, relata Moreira.
Durante a apresentação organizada pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), no estande da fabricante de máquinas Baldan na Agrishow, Moreira detalhou como o Brasil tem expandido a rede de representantes que promovem os produtos agrícolas brasileiros no exterior.
“Atualmente, contamos com uma equipe de 40 adidos agrícolas. Não há focalização em regiões específicas, mas temos enviado profissionais para mercados com potencial para o Brasil”.
Ele mencionou como exemplos países do sudeste asiático, como Bangladesh e Vietnã, e outras nações do continente africano.
Ele recorda que a gestão de Carlos Fávaro no Ministério da Agricultura já abriu mais de 350 novos mercados para o Brasil, abrangendo países e culturas sem histórico de exportação.
“Somos extremamente pragmáticos, procuramos utilizar as melhores estratégias que resultarão em benefícios para a agropecuária brasileira. Defendemos o comércio global livre, também porque nos favorece, sendo os principais produtores de alimentos do planeta”.
Campos degradados
O representante do Mapa ainda ressaltou que o governo está focado em aumentar ainda mais a produção agrícola. Uma das abordagens é estimular a recuperação de pastos degradados.
O Programa Nacional de Transformação de Pastagens Degradadas, lançado no final de 2023, tem como meta inicial recuperar 40 milhões de hectares.
Nesta semana, o governo anunciou o segundo leilão EcoInvest, realizado para angariar recursos destinados à revitalização dessas áreas degradadas.
Segundo o Mapa, o plano é recuperar 1 milhão de hectares de áreas degradadas nos biomas da Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa e Pantanal. A Amazônia será tratada de forma distinta, devido às suas características particulares, conforme o governo.
Moreira menciona que os detalhes sobre o suporte financeiro oferecido aos produtores interessados ainda não estão definidos. “Nossa proposta envolve a combinação de recursos federais com bancários para financiar a recuperação dessas áreas em condições especiais”. O governo também pretende incentivar a criação de Fiagros e FIDCs para esse propósito.
Atualmente, cerca de 280 milhões de hectares no Brasil são destinados à agropecuária, dos quais 165 milhões de hectares correspondem a pastagens, sendo que 82 milhões estão degradados, de acordo com dados do Mapa.
Fonte: Money Times