O menor dos males foi escolhido. Ontem, Donald Trump divulgou as tarifas recíprocas que os Estados Unidos implementarão sobre importados a partir da semana que vem, e o Brasil está entre os países afetados.
Os produtos brasileiros serão sujeitos a uma tributação de 10% a partir do sábado (5), juntamente com outras nações como Reino Unido, Colômbia, Chile e Emirados Árabes.
Vale ressaltar que os principais produtos vendidos para os EUA incluem petróleo bruto, minerais betuminosos crus, produtos semi-acabados, ferro e aço em sua forma bruta, e peças de aeronaves.
De acordo com os dados do governo norte-americano, o superávit comercial dos EUA com o Brasil em 2024 foi de US$ 7 bilhões, considerando apenas bens. Ao considerar bens e serviços, o superávit totalizou US$ 28,6 bilhões — o terceiro maior superávit comercial dos EUA em todo o mundo.
A notícia não é positiva, mas poderia ser pior. As tarifas impostas chegam a quase 50% para países como Camboja (49%), Laos (48%) e Madagascar (47%). A China enfrentará uma tarifação de 34%, enquanto a União Europeia será taxada em 20%. Essas taxas mais elevadas entrarão em vigor na próxima quarta-feira (9).
As tarifas recíprocas implementadas pelos EUA correspondem aproximadamente à metade das taxas cobradas por outros países sobre os produtos americanos. Ao todo, 185 países serão tarifados.
“Os números são extremamente desiguais, são extremamente injustos. Ao mesmo tempo, estabeleceremos uma tarifa mínima de 10%. Isso será feito para auxiliar na reconstrução de nossa economia e prevenir a fraude”, afirmou Trump. O presidente ainda declarou que os parceiros comerciais que não desejarem ser tributados devem transferir suas fábricas para os EUA.
Além das tarifas recíprocas, o governo norte-americano também confirmou o início da aplicação de 25% sobre automóveis e autopeças nesta quinta. Também começarão a valer as taxas de 25% sobre as exportações direcionadas ao país que não se enquadrem no USMCA (Acordo entre EUA, Canadá e México).
Cabe destacar que no mês passado entraram em vigor tarifas de 25% para as importações de aço e alumínio — algo que impacta diretamente o Brasil, o qual é o segundo maior exportador desses produtos para os EUA. A boa notícia é que a Casa Branca confirmou que os produtos que já sofreram aumento tarifário não estarão sujeitos a tarifas adicionais. Dessa forma, a tarifa sobre aço e alumínio não será aumentada para 35%.
O governo brasileiro emitiu um comunicado lamentando a decisão.
“Considerando que os EUA apresentam superávits comerciais recorrentes e significativos em bens e serviços com o Brasil nos últimos 15 anos, totalizando US$ 410 bilhões, a imposição unilateral de uma tarifa adicional linear de 10% ao Brasil com a justificativa de restabelecer o equilíbrio e a ‘reciprocidade comercial’ não corresponde à realidade”, diz o comunicado.
O Brasil está avaliando todas as opções para garantir a reciprocidade no comércio bilateral, incluindo o acionamento da Organização Mundial do Comércio (OMC). Além disso, o Congresso aprovou um projeto que estabelece critérios para a resposta do Brasil a barreiras e imposições comerciais de países ou blocos econômicos contra produtos nacionais.
O que aguardar do Ibovespa e de Wall Street
A reação dos mercados às tarifas de Trump não foi positiva, e os investidores podem esperar um cenário desafiador no pregão de hoje.
As bolsas asiáticas encerraram em baixa, com a Nikkei (bolsa japonesa) liderando as quedas na região. O mercado europeu apresenta uma queda superior a 1%, enquanto os futuros de Wall Street indicam uma queda em torno de 3% nesta manhã.
No último pregão, o Ibovespa (IBOV), principal índice da bolsa brasileira, fechou a 131.190,34 pontos, registrando uma pequena alta de 0,03%. O dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações em R$ 5,6967, com uma queda de 0,25%.
O iShares MSCI Brazil (EWZ), o principal fundo de índice (ETF) brasileiro em Nova York, chegou a subir 0,9% após o anúncio de Trump sobre a tributação de 10% sobre o Brasil, causando surpresa pela tarifa menor do que a esperada.
No entanto, o índice reverteu esses ganhos e sofreu uma queda de 2,45%. No pré-market desta quinta-feira, o EWZ cai 0,69%, sendo negociado a US$ 25,96.
Segundo André Valério, economista sênior do Inter, o Brasil tem a possibilidade de aumentar sua participação de mercado nas exportações, à medida que essas regiões busquem outras fontes, principalmente no setor agropecuário, que enfrenta forte concorrência com o agro americano.
“Ademais, o fato de o Brasil ter sido menos tributado tornará os nossos produtos relativamente mais competitivos em comparação com outros países, o que pode resultar em um aumento das exportações para os Estados Unidos”.
Calendário: Confira a programação para hoje
Indicadores econômicos
Agenda – Lula
Agenda – Fernando Haddad
Agenda – Gabriel Galípolo
Morning Times: Confira os mercados nesta manhã de quinta-feira (3)
Bolsas asiáticas
Bolsas europeias (abertura de mercado)
Wall Street (futuros de mercado)
Commodities
Criptomoedas
Desejamos a todos uma excelente quinta-feira e fiquem atentos ao Money Times para acompanhar as novidades do mercado!
Fonte: Crypto Money