O Banco Central só poderá ter uma certeza completa sobre a desaceleração da atividade econômica no Brasil no término deste ano, comunicou nesta quarta-feira o diretor de Política Monetária do BC, Nilton David, reforçando que a política monetária necessita permanecer restritiva por mais tempo.
Em evento organizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), David declarou que o país expande atualmente acima de seu potencial, mas a previsão é que essa discrepância vá diminuindo de maneira gradual, embora neste momento os dados ainda estejam bastante dispersos.
David também mencionou que a ata da reunião deste mês do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na semana passada, não se tornou antiquada e está plenamente válida, com incertezas que continuam presentes.


Conforme o diretor, a ata deixou “amplamente em aberto” o que o BC fará na reunião de junho com a taxa básica Selic, hoje em 14,75% ao ano.
No mercado, uma das principais incógnitas é se o BC manterá a Selic no mesmo patamar em junho, concluindo o atual ciclo de elevações, ou se ainda implementará um acréscimo suplementar de 0,25 ponto percentual.
Conflito comercial no radar
O diretor do BC observou que, a despeito da recente pausa tarifária entre Estados Unidos e China, a incerteza permanece apesar de os mercados terem se acalmado consideravelmente.
Simultaneamente, afirmou que os integrantes do Copom estão “em sintonia”, acrescentando que a política monetária requer estar mais rígida do que estaria caso não houvesse desalinhamento das expectativas de inflação.
No último relatório Focus, divulgado na segunda-feira, as medianas das previsões de inflação do mercado estavam em 5,50% para 2025 e 4,50% para 2026 — em ambos os casos bem acima do centro da meta almejada pelo BC, de 3%. A margem de tolerância para a meta é de 1,5 ponto percentual.
Em sua exposição, David afirmou que as projeções do Focus não parecem nem um pouco adequadas a uma instituição que busca a meta de inflação, porém ele frisou que o tempo evidenciará que o BC “realmente busca a meta de inflação”.
Câmbio em regime de flutuação
O diretor do BC também afirmou que o câmbio no Brasil é flutuante e que a atuação da autarquia nessa área permanece a mesma, com intervenções concentradas em amenizar disfunções no mercado. Ele disse que o BC não está alarmado com a situação das transações externas, que, conforme ele indicou, estão deterioradas porque o Brasil está operando acima de sua capacidade.
Para o diretor, o BC conduz a política monetária visando equilibrar o crescimento do país com seu potencial e, quando isso ocorrer, a piora nas transações externas será solucionada.
Fonte: Money Times