Apesar dos esforços da Nação do Meio de buscar diminuir a porção do grânulo de soja na preparação da alimentação animal, além da dependência das aquisições do grânulo, o território permanecerá como figura principal nos próximos anos nesse comércio, analisou nesta quinta-feira um alto chefe da Louis Dreyfus Empresa (LDC) no Brasil.
E, em meio a contratempos comerciais com os Estados Unidos, o maior comprador de grânulo de soja do planeta ampliou seus armazenamentos da planta oleaginosa, observou o líder executivo de Algodão, Grãos & Oleaginosas da Dreyfus no Brasil, Henrique Snitcovski, durante o AgroForum Cuiabá, promovido pelo BTG Pactual.
Ele recordou durante a conferência que a Nação do Meio possui um défice de soja que provoca a urgência de aquisição de um pouco mais de 100 milhões de toneladas, o mesmo que a produção combinada de Mato Grosso e Argentina.



Snitcovski reconheceu que a Nação do Meio deseja cortar sua dependência de aquisições de soja, mencionando uma menor aplicação de grânulo na preparação de ração e também ganhos eventuais de produtividade em seus campos agrícolas.
No entanto, observou que, enquanto uma produtividade maior permitiria um “pequeno passo” nessa direção para a Nação do Meio, o território mudou sua estratégia de armazenamentos para um “comando das aquisições”.
“Uns anos atrás, a Nação do Meio mantinha armazenamentos estratégicos de 5 a 6 milhões de toneladas. Esses armazenamentos aumentaram para 10 a 15 milhões, e todo mundo comentou, ‘opa’, mudou de nível’. Hoje falamos em 30 milhões de toneladas de soja, mais ou menos, basicamente um terço da urgência de aquisição do país”, destacou.
Sobre a inclusão de outros itens na fabricação de ração, o líder mencionou que no “final do dia” tudo estará conectado à oferta e preços.
“Apesar disso, nos próximos anos, a Nação do Meio preserva esse papel central como principal adquirente, pela escala que é o mercado”, afirmou ele, citando ainda que uma demanda adicional surgirá de outras terras do Sudeste Asiático e mesmo com o aumento do processamento no Brasil.
O líder executivo de Algodão, Grãos & Oleaginosas da Dreyfus no Brasil apontou que o agronegócio brasileiro tem atendido às requisições com ganhos de produtividade, porém é necessário investimento em infraestrutura e logística para a redução de custos do setor.
“É um ponto crucial”, disse ele.
A Dreyfus foi uma das organizações que adquiriram direitos de arrendamento de terminais portuários para escoamento de produtos agrícolas em Paranaguá (PR), em abril.
“Não dá pra movimentar um grânulo de Mato Grosso para o porto de Santos custando praticamente três vezes mais caro do que carregar do porto de Santos para o porto na Nação do Meio…”, disse.
O setor tem investido, como opção, no aumento das exportações pelos portos do Norte do país.
“Se o Brasil é o celeiro do mundo e possui capacidade para continuar crescendo… necessita acelerar a competitividade interna, para que nessa ampliação da próxima fase ele aumente em harmonia ou mais próximo de harmonia.”
Sem isso, bloqueios logísticos serão gerados, trazendo ineficácias que levam à perda de oportunidades que se refletem nos valores, explicou Snitcovski.
Fonte: Money Times