O esforço para desafogar os canais de transmissão da política monetária para a economia no Brasil não consiste em uma solução fácil e exigirá uma série de reformas extensas, afirmou hoje o líder do Banco Central, Gabriel Galípolo.
No evento em comemoração aos 60 anos do BC, Galípolo reiterou que a eficácia desses canais de comunicação não é tão eficiente no Brasil quanto em outras nações, mencionando, entre os motivos, o sistema de empréstimos subsidiados no país.
“Desafogar esses canais, normalizar esses canais para que possamos administrar doses menores do remédio com o mesmo efeito no paciente, é um desafio, acredito que de longo prazo”, declarou.


“Não conseguiremos encontrar uma solução milagrosa. Isso exigirá uma série de reformas prolongadas, muitas vezes envolvendo áreas que vão além do mandato do Banco Central”, acrescentou.
Ao elevar a taxa SELIC para 14,25% ao ano em março, o BC reafirmou a importância de manter os canais da política monetária desafogados e livres de elementos que possam limitar sua atuação.
Os especialistas têm questionado medidas adotadas pelo governo que poderiam estimular a economia, tornando mais difícil para o BC conter a atividade visando controlar a inflação. Entre as medidas estão a liberação de saques do FGTS e o lançamento de um programa de incentivo ao crédito consignado para funcionários do setor privado.
Em seu pronunciamento, Galípolo reiterou ainda que cabe ao BC tomar suas decisões de forma independente, técnica e imparcial.
Também presente no evento, o ministro da Economia, Fernando Haddad, afirmou que o governo respeita a autonomia da autoridade monetária e fornecerá informações para análises e tomadas de decisão.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, também elogiou a independência do BC, expressando sua expectativa de que a inflação recue nos próximos 60 dias, possibilitando que o órgão reduza a SELIC no segundo semestre, “um pouco antes do previsto”.
Fonte: Crypto Money