O Grupo de Política Monetária (Copom) mostra maior resistência em dar início a um novo ciclo de redução de juros em um futuro próximo, declara o analista do Banco Santander, Marco Antonio Caruso. Na ata referente ao encontro da última semana, o Banco Central (BC) afirmou que a taxa Selic deve permanecer em nível contracionista por um período prolongado.
O analista destaca que parece existir uma percepção entre os dirigentes da autarquia de que houve uma antecipação no ciclo — aperto na política monetária concentrado no início do processo. “Isso justificaria uma interrupção para observar os efeitos posteriores”, afirma.
No texto divulgado nesta terça-feira (24), o Comitê enfatizou que as elevações na Selic foram rápidas e firmes e que os impactos do aperto na economia ainda estão por vir, devido à demora.



“Apesar de a diretriz oficial permanecer neutra em comparação com o conteúdo conhecido do comunicado, o teor geral do documento se inclina para uma postura mais moderada, sugerindo uma abordagem cuidadosa, porém paciente, em relação a decisões monetárias futuras”, afirma.
A principal economista do Inter, Rafaela Vitoria, por sua vez, menciona que o tom “mais rígido” do Comitê destaca a importância de manter a taxa de juros em um patamar restritivo.
“O desalinhamento das expectativas ainda é o principal fator de preocupação e, no entendimento do Copom, provavelmente irá retardar o processo de convergência da inflação rumo à meta. O risco fiscal também foi citado, tanto na interferência nos canais de crédito, quanto em seu efeito pró-cíclico de estimular a demanda, além do alto prêmio de juros devido à incerteza”, afirma.
Vitoria prevê que a desaceleração do crédito e da atividade econômica se intensificará no segundo semestre, enquanto a taxa de câmbio favorável manterá baixa a inflação de bens industriais e alimentos. A previsão é de que a inflação atinja o ponto máximo de 5,5% em 2025, já indicando uma desaceleração para abaixo de 5% ainda este ano.
“Se o governo adotar uma postura mais flexível no orçamento, como por exemplo, aumentando a isenção do IRPF sem a devida compensação e mantendo o ritmo de crescimento dos gastos, a inflação pode permanecer persistente e a Selic pode se manter em 15% por um período mais longo”.
Fonte: Money Times