O PIB interno do Brasil espera manter seu crescimento ao longo de 2025 e poderia chegar a aproximadamente 3% até o final do ano, de acordo com Claudio Considera, coordenador do setor de Contas Nacionais do FGV IBRE.
De acordo com Considera, “É certo que teremos um crescimento superior a 2% este ano e mais próximo de 3%. A economia vem crescendo consistentemente nos últimos três anos – isso melhora a capacidade de arrecadação do governo, visto que aumenta a quantidade de renda sujeita a tributação e melhora a situação fiscal, embora ainda persista como uma questão bastante séria”, afirmou em entrevista ao Money Times.
No primeiro trimestre de 2025 (1T25), a atividade econômica do país teve um crescimento de 1,4%, de acordo com os dados do IBGE divulgados nesta sexta-feira (30). Este crescimento representa uma aceleração em comparação com o avanço revisado de 0,1% no trimestre de outubro a dezembro do ano passado.



Considera ressaltou que o excelente desempenho do setor do agronegócio (+12,2%) tem sido um dos principais impulsionadores do crescimento econômico no Brasil. Ele explicou que culturas como soja e milho, que são colhidas nos primeiros meses do ano, têm contribuído significativamente para estimular outros setores.
O impacto positivo do setor agrícola se reflete de forma ampla, especialmente sobre o comércio, transporte e outros serviços. “Mesmo que o setor agrícola não mantenha o crescimento nos próximos trimestres, o que já foi produzido está impulsionando esses setores, melhorando as previsões para o restante da economia”, afirmou.
O economista também mencionou a contribuição do mercado de trabalho brasileiro para o aumento do consumo das famílias – e, por consequência, para o PIB. “O mercado de trabalho está em uma situação muito favorável. A taxa de emprego está em queda, o que melhora significativamente a perspectiva de aumento do consumo”, disse.
Além da recuperação da renda familiar, o aumento do consumo está associado à melhoria nas condições de crédito. “Durante um longo período, os bens duráveis tiveram um desempenho fraco, mas agora estão em ascensão. Isso está relacionado à melhor disponibilidade de crédito, inclusive com melhorias no crédito consignado e no acesso a recursos como o FGTS”, explicou.
Considera também abordou o desempenho do comércio exterior. Apesar dos possíveis impactos negativos sobre as exportações devido às medidas do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ele destacou o bom momento das importações brasileiras, especialmente de bens de capital.
Há posições mais tradicionais
A previsão de Claudio Considera, coordenador do FGV IBRE, para o PIB brasileiro em 2025 não é unânime. O mercado financeiro aposta em uma desaceleração suave da atividade econômica ao longo deste ano.
A corretora XP Investimentos, por exemplo, projeta um aumento de 0,5% para a atividade no segundo trimestre. Para o ano todo, a empresa prevê um crescimento de 2,3% para o PIB, mas reconhece que há uma inclinação positiva na projeção.
“Além de um mercado de trabalho sólido – com uma taxa de desemprego historicamente baixa e uma grande expansão da renda real proveniente do trabalho – medidas recentes anunciadas pelo governo podem sustentar a demanda interna a curto prazo”, disse Rodolfo Margato, economista da XP.
A previsão da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda é mais conservadora. A SPE mantém a projeção de um aumento de 2,4% para o PIB em 2025, “mesmo com o resultado ligeiramente abaixo do esperado para o crescimento no primeiro trimestre”.
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Fonte: Money Times