O Chile certificou o Paraná como área sem febre aftosa sem necessidade de vacinação, o que implica na permissão para importar carne suína de fazendeiros paranaenses. A declaração oficial será feita entre terça-feira (22) e amanhã (23), durante a visita da equipe do presidente chileno Gabriel Boric ao Brasil.
A determinação foi adiantada pelo ministro da Agricultura do Chile, Esteban Valenzuela.
“Reconhecemos que o Paraná está isento de febre aftosa e, portanto, estamos aptos a receber carne deste estado muito relevante do sul do Brasil”, anunciou Valenzuela, nas plataformas de mídia social.
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Segundo o ministro chileno, a ação faz parte das iniciativas para fortalecer as relações comerciais entre os dois países, impulsionando o comércio de mercadorias agropecuárias. Ele também informou que as autoridades do Chile continuam negociando a aquisição de carne com representantes de outras unidades federativas brasileiras que atendam aos requisitos fitossanitários exigidos pelo Serviço Agrícola e Pecuário (SAG) do Chile.
O reconhecimento chileno é uma reivindicação de longa data das indústrias de carne do Paraná, conforme o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil, Luis Rua.
“Este é um pleito bastante antigo do estado [Paraná] […] e, em breve, as empresas paranaenses estarão exportando carne suína para o Chile”, comentou Rua, qualificando o anúncio como “muito significativo”.
Em 2024, o estado assumiu a terceira posição como exportador de carne suína entre as unidades federativas livres de aftosa.
Conforme a Associação Brasileira de Proteína Animal (Abpa), no último ano, a exportação de carne suína (considerando produtos in natura e processados) alcançou 1,352 milhão de toneladas. O resultado, que foi 10% superior ao de 2023, estabeleceu um novo recorde para o setor, com cerca de US$ 3,03 bilhões provenientes das vendas externas.
Do total de carne suína exportada, o Paraná contribuiu com 185,5 mil toneladas, ficando atrás apenas de Santa Catarina (730,7 mil toneladas) e Rio Grande do Sul (289,9 mil toneladas).
Mel chileno
Como contrapartida à decisão do Chile, o Brasil abriu seu mercado para a compra de mel chileno.
“Há uma excelente notícia para o nosso setor apícola. O Brasil decidiu autorizar a entrada de nossas exportações de mel em seu território”, acrescentou Esteban Valenzuela.
Febre aftosa
Desde 2021, a Organização Mundial de Saúde Animal (Omsa), principal entidade global em saúde animal, reconhece o Paraná como um dos estados brasileiros sem febre aftosa e sem necessidade de vacinação, juntamente com Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e Mato Grosso. Na ocasião, a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) comemorou a decisão, destacando que a certificação internacional “coloca o Paraná em uma posição diferenciada, permitindo acesso a mercados que valorizam mais os produtos com esse selo de qualidade.”
Adicionalmente, em maio de 2024, após a conclusão da última campanha nacional de vacinação, o governo brasileiro anunciou que todo o rebanho nacional está livre da doença.
A auto-declaração nacional é um passo necessário para que a Omsa reconheça o status sanitário sem febre aftosa e sem necessidade de vacinação para o restante do território brasileiro.
Fonte: Agência Brasil