O Órgão Central (BC) recebeu os papéis do pedido de aquisição do Banco Mestre pelo Banco de Brasília (BRB), divulgado no último final de semana (28) pela instituição financeira estatal do Distrito Federal. A verificação do material, contudo, tomará muitos meses.
Antes de tudo, o BC examinará se os dois estabelecimentos bancários forneceram todos os documentos requeridos. Caso a documentação esteja completa, a autarquia inicia o processo de instrução e inicia a contagem do período de 360 dias para avaliar o que foi entregue. Se houver documentos em falta, o BC estabelecerá um prazo adicional para que os dois bancos enviem o que está faltando.
No único comunicado oficial até o momento, o BC informou somente que a análise da transação seguirá as exigências da resolução 4.970 de 2021 do Conselho Monetário Nacional (CMN). “Quando protocolado o requerimento pelo Banco Mestre, o BC irá analisar o pedido tecnicamente quanto ao cumprimento dos requisitos aplicáveis a operações semelhantes”, comunicou a autarquia.



Neste final de tarde, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, alterou a programação para receber o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, na sede do BC, em Brasília. Originalmente, Galípolo passaria este sábado (31) em São Paulo, mas irá se reunir com Costa e os diretores de Fiscalização do BC, Ailton Aquino, e de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução, Renato Gomes, no decorrer desta tarde.
No final de sábado (30), Galípolo reuniu-se, em São Paulo, com André Esteves, presidente do BTG Pactual, empresa financeira também interessada em adquirir o Banco Superior. Os dois encontros foram inseridos na agenda oficial do presidente do BC.
Até por volta das 17h30 deste sábado, as ações ordinárias do BRB tinham se valorizado 83,44% em relação à sexta-feira. Além de validado pelo Banco Central, a aquisição do Banco Mestre precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Transação controversa
No final de semana, o presidente do BRB anunciou a proposta de adquirir o Banco Superior por R$ 2 bilhões. O BRB ficaria com 58% do capital total e 49% das ações ordinárias do Master. Conforme banco estatal do Distrito Federal, os R$ 2 bilhões correspondem a 75% do patrimônio consolidado do Mestre, de acordo com demonstrações financeiras auditadas pela PricewaterhouseCoopers (PwC), uma das principais companhias de auditoria do mundo.
A transação é controversa porque o Banco Superior possui uma estratégia agressiva para atrair recursos, oferecendo rendimentos de até 140% do Certificado de Depósito Bancário (CDI) a quem investe em títulos da instituição financeira, consideravelmente acima das taxas médias para bancos pequenos, em torno de 110% a 120% do CDI.
Sem ter divulgado o balanço de dezembro, o Superior enfrenta a desconfiança do mercado financeiro. Recentemente, a instituição financeira tentou uma emissão de títulos em dólares, mas não conseguiu captar recursos. Operações do banco com precatórios, títulos de dívidas de governos com sentença judicial definitiva, também suscitaram incertezas sobre a situação financeira da instituição.
Recentemente, o BTG Pactual ofereceu apenas R$ 1 para assumir o controle do Superiores e responsabilizar-se pelo passivo da instituição financeira. As dívidas seriam quitadas com recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), fundo que cobre investimentos de até R$ 250 mil por indivíduo ou entidade em cada instituição financeira. No entanto, a ausência de acordo entre os bancos que aportam recursos no FGC impediu o negócio de seguir adiante.
Fonte: Agência Brasil