O começo de certas produções e o aumento nas vendas de minério de cobre e de carnes contribuíram para a recuperação da balança comercial, resultando no segundo melhor excedente registrado em março. No mais recente mês, o país vendeu ao exterior US$ 8,154 bilhões a mais do que comprou, conforme comunicado divulgado hoje pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
O desempenho representa o índice mais alto para marços desde 2023, quando a balança comercial registrou superávit de US$ 10,751 bilhões. Em comparação com março de 2024, houve um acréscimo de 13,8% no excedente.
No mês passado, as exportações do país totalizaram US$ 29,177 bilhões, indicando um aumento de 5,5% em relação ao valor apurado no mesmo período do ano anterior, sendo este o terceiro melhor março desde o início da série histórica em 1989, ficando atrás apenas de 2023 e 2022. As importações atingiram a cifra de US$ 21,023 bilhões, um acréscimo de 2,6% na mesma base de comparação, representando igualmente o terceiro maior valor já registrado, perdendo apenas para 2023 e 2022.




Em relação às vendas externas, a elevação dos preços do café e a introdução das safras de soja e milho colaboraram para a reequilibragem da balança. As exportações de certos produtos, como carne bovina, celulose e minério de cobre, tiveram aumento no mês passado, compensando a diminuição dos preços dos demais itens.
No que diz respeito às importações, as compras de motores, máquinas, medicamentos, peças de veículos, adubos e fertilizantes químicos apresentaram crescimento. O maior aumento foi observado nos bens de máquinas e motores, cujo valor adquirido cresceu 45,9% em março em comparação com o mesmo mês do ano anterior.
No último mês, houve um aumento de 5% no volume de produtos exportados, impulsionado pelo início da safra de diversos itens. Os preços, em média, subiram apenas 0,4% em comparação com março do ano passado. No que tange às importações, a quantidade adquirida aumentou 4,2%, impulsionada pelo desenvolvimento econômico, porém os preços médios caíram 1,5%, refletindo a redução no valor das commodities (produtos primários com cotação internacional).
Setores
No ramo agropecuário, a elevação na quantidade teve maior influência no crescimento das exportações. A quantidade de itens embarcados aumentou 10,8% em março em relação ao mesmo mês de 2024, ao passo que o preço médio teve acréscimo de 4,3%.
No segmento industrial, a quantidade cresceu 9%, enquanto o preço médio diminuiu 0,9%, refletindo uma certa recuperação econômica na Argentina, principal importador de produtos industrializados do Brasil.
No setor extrativista, que inclui a exportação de minerais e petróleo, a quantidade exportada retraiu 10,6%, devido à manutenção de plataformas de petróleo, ao passo que os preços médios recuaram 4,9%.
Estimativa
Após divulgar estimativas em intervalos de valores em janeiro, o Mdic atualizou as projeções para o saldo comercial deste ano. O excedente deverá ser de US$ 70,2 bilhões, representando uma queda de 5,4% em relação a 2024. Na previsão anterior, o saldo estava entre US$ 60 bilhões e US$ 80 bilhões. A próxima previsão será divulgada em julho.
De acordo com o MDIC, as exportações devem crescer 4,8% em 2025 em comparação com 2024, alcançando US$ 353,1 bilhões até o final do ano. As importações aumentarão 7,6%, totalizando US$ 282,9 bilhões. Contudo, essas estimativas provavelmente serão revisadas em breve, pois não levam em conta os impactos das tarifas de Donald Trump nem das retaliações comerciais da China.
As projeções são mais pessimistas do que as do mercado financeiro. O boletim Focus, pesquisa realizada semanalmente pelo Banco Central com analistas de mercado, prevê um superávit de US$ 75 bilhões para este ano.