No fim da última semana, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) revelou o primeiro caso de influenza aviária em uma fazenda de produção animal no Brasil.
O incidente ocorreu em Montenegro (RS) e suspeitas adicionais em Tocantins e Santa Catarina estão sob investigação. Embora medidas de emergência tenham sido estabelecidas pelo Governo Federal por 60 dias, várias nações e grupos, como Argentina, Canadá, China e União Europeia, interromperam as importações do Brasil.
O especialista em proteína animal na Safras & Mercado, Fernando Iglesias, menciona que a situação se resolverá dentro de 28 a 60 dias e elogia a atuação eficaz e transparente das autoridades agropecuárias brasileiras. Em relação a uma possível redução nos valores da carne no território nacional, decorrente de um aumento na oferta interna, ele esclarece.


“Estamos preparados para superar esses desafios, à medida que as exportações forem normalizadas nas próximas 28 a 60 dias. O setor está preparado para enfrentar essa adversidade. Pode ocorrer um aumento na oferta doméstica, principalmente se as proibições persistirem além do previsto inicialmente”.
A extensão do impacto da influenza aviária e a influência da China
Iglesias expõe que muitos produtos enviados pelo Brasil para a China, como é o caso dos pés de frango, não possuem grande demanda interna.
“Isso cria outro problema, que é o armazenamento desses itens em refrigeração até que o fluxo comercial normal seja restabelecido, um processo não tão simples. Há expectativas de uma maior oferta no mercado local, mas a queda nos preços deve ser moderada, sem grandes oscilações. A redução expressiva só ocorrerá se mais países deixarem de adquirir carne de frango do Brasil e optarem por uma proibição completa. Enquanto Santa Catarina e Paraná absorverem volumes direcionados de Rio Grande do Sul, o mercado continuará em atividade”.
O analista calcula que os prejuízos financeiros para o Brasil devido às restrições devem girar em torno de US$ 100 milhões, e enfatiza que a China, ao contrário de outras fontes de proteína, responde apenas por 10,4% das exportações do país em 2025.
“Não há riscos para os consumidores em termos de contaminação. O perigo está nas pessoas que trabalham nas fazendas. A situação só afetará as proteínas concorrentes se houver uma extensão considerável das proibições, o que parece pouco provável. Além disso, a participação do Brasil na SIAL China pode facilitar as negociações para reabrir o mercado brasileiro”.
O ministro ressaltou em coletiva no início desta semana que não haverá uma significativa queda nos valores do frango no mercado local.
Fonte: Money Times