O Comitê de Política Monetária (Copom) pretende cessar o ciclo de ajuste financeiro iniciado em setembro de 2024 durante a reunião atual, afirma o especialista em economia do Santander, Marco Caruso. Desta forma, a taxa essencial de juros deve permanecer em 15% ao ano.
O analista indica que os efeitos retardados dos aumentos da Selic já efetuados não apenas continuam, mas também devem se acentuar a partir de agora — o que justifica a manutenção da taxa.
Desde o último encontro, houve uma melhora “modesta” nas condições macroeconômicas. A inflação ficou abaixo do consenso e as perspectivas diminuíram. O real se valorizou ligeiramente, apesar dos perigos fiscais e tarifários, enquanto a atividade econômica diminui, principalmente nos setores mais vulneráveis ao crédito.
O mercado de trabalho e os próximos precatórios continuam sendo os principais contrapontos.
Caruso afirma também que a incerteza no cenário internacional tem um impacto relevante sobre o Brasil, devido ao potencial de tarifas mais elevadas sobre suas exportações para os Estados Unidos. É importante recordar que Donald Trump anunciou uma taxa de 50% para os produtos brasileiros, que entra em vigor em 1º de agosto.
“Devido à falta atual de novidades e ao timing previsto da estratégia de um ‘período extendido’, não esperamos alterações significativas no comunicado”, afirma Caruso.
Cortes da Selic dependem da desaceleração da expansão
O Santander prevê que a taxa essencial de juros permaneça no patamar atual até o primeiro trimestre de 2026.
“É pouco provável que as expectativas de inflação se aproximem de 3% se um elevado risco fiscal persistir e a economia seguir evitando uma crise”, declara.
Uma valorização expressiva do real poderia contribuir para antecipar a convergência das expectativas, porém a variável principal a ser monitorada é a velocidade com que a economia desacelera.
“Considerando as incertezas naturais de um ano eleitoral, consideramos lógico prever uma abordagem mais cautelosa do Copom. Essa previsão é ainda mais reforçada pelos aprendizados obtidos com o ciclo de cortes anterior.”
Fonte: Money Times