O Banco Nacional (BC) interrompeu temporariamente do Pix mais três organizações bancárias suspeitas de terem recebido verbas desviadas no ataque cibernético contra a provedora de serviços tecnológicos C&M Software.
A providência preventiva é direcionada à Voluti Gestão Financeira, a Brasil Money e a S3 Bank. Já foram desconectadas do sistema a Transfeera, a Soffy e a Nuoro Pay.
O BC vai investigar se as seis companhias têm vínculo com o ataque que desviou fundos de contas que os bancos mantêm como reserva na autoridade monetária. A TV Brasil confirmou que pelo menos R$ 530 milhões desapareceram.



Com extensão de 60 dias, a interrupção está prevista pelo Artigo 95-A da Resolução 30 do Banco Central, de outubro de 2020, que regulamentou o Pix.
Pelo dispositivo, o BC pode “suspender temporariamente, a qualquer momento, a participação no Pix do participante cujo comportamento esteja colocando em risco a operação regular do arranjo de pagamentos”.
Posição Atual
Corporação de capital fechado autorizada pelo Banco Central, a Transfeera assegurou que a funcionalidade do Pix foi desativada. No entanto, a empresa, que atua na administração financeira de companhias, enfatizou que os demais serviços oferecidos permanecem em funcionamento normal.
“Nossa entidade, nem nossos clientes, foram impactados pelo incidente divulgado no início da semana e estamos colaborando com as autoridades para liberação da funcionalidade de transferência instantânea”, sublinhou a empresa em comunicado.
A Soffy e a Nuoro Pay são empresas de tecnologia financeira que não têm autorização do BC para participar do Pix, porém integram o sistema instantâneo de transferências em parceria com outras instituições bancárias.
Nenhuma das duas organizações se pronunciou até a divulgação desta matéria. Voluti Gestão Financeira, Brasil Money e S3 Bank foram contatados pela TV Brasil, mas também não se manifestaram sobre a suspensão.
Motivação
Conforme o Banco Central, a suspensão das organizações do Pix visa resguardar a integridade do sistema de pagamentos e assegurar a segurança do arranjo, até que as apurações sobre o desvio de fundos do sistema financeiro sejam finalizadas.
Compreensão
No período da noite de terça-feira (1), um ataque cibernético nos sistemas da empresa C&M Software, que fornece serviços tecnológicos a instituições financeiras, resultou no desvio de recursos de contas reservas que os bancos mantêm no BC para cumprir obrigações legais. O dinheiro foi transferido via Pix e transformado em criptomoedas.
Ainda que não realize transações financeiras, a C&M conecta várias instituições financeiras ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), gerenciado pelo Banco Central.
Na quinta-feira (3), o BC autorizou a empresa alvo do ataque a retomar as operações Pix.
A Polícia Federal, a Polícia Civil de São Paulo e o Banco Central estão investigando o caso. Em nota na página da empresa na web, a C&M informou que nenhuma informação de cliente foi exposta.
Nesta sexta-feira (4), a Polícia Civil de São Paulo deteve um funcionário da C&M que recebeu R$ 15 mil para conceder aos criminosos acesso aos sistemas da empresa.
O suspeito admitiu ter cedido a senha de acesso por R$ 5 mil e ter recebido mais R$ 10 mil para criar um sistema de entrada para os hackers.
Fonte: Money Times