Ao término da tarde nesta quarta-feira (9), o líder dos United States, Donald Trump, comunicou uma tarifa de 50% sobre os itens brasileiros que são importados para os EUA.
O valor superior ao revelado para os outros 21 nações nesta segunda etapa do ‘tarifaço’ de Trump foi justificado como uma “retribuição” à conduta adotada pelo Brasil em relação ao antigo presidente Jair Bolsonaro — enquadrado em investigações no Supremo Tribunal Federal (STF).
Para especialistas financeiros, a ação de Trump fragiliza os laços entre o Brasil e os EUA.
Segundo Harrison Gonçalves, integrante do CFA Society Brazil, a divulgação “demonstra certa debilidade da diplomacia brasileira em sustentar uma postura de alinhamento — ou ao menos de neutralidade — diante da predominância continental”.
“No aspecto econômico, o país perde competitividade, prejudica parte de sua receita e diminui seu PIB eventual ao ser taxada uma parcela considerável de suas vendas externas — aproximadamente 15% do total”, acrescentou.
Em destaque, Marcos Moreira, parceiro da WMS Capital, salienta que a taxa de 50% é “impraticável”. “Caso esta tarifa permaneça, é possível que ocorra uma revisão para baixo na atividade econômica e uma significativa desvalorização do real em relação ao dólar.”
“Ainda é prematuro afirmar. Aguardamos a postura oficial do governo brasileiro e a possibilidade de represálias, tanto internamente, quanto nos Estados Unidos. Assim, inicialmente, a percepção e a análise que temos é que essas tarifas podem e devem impactar e provocar uma revisão decrescente no PIB ainda em 2025.”
Seguindo a mesma linha, o líder de ações variáveis da Faz Capital, Alexandre Pletes, avalia a necessidade de aguardar futuros desdobramentos.
“Em outras ocasiões, Trump anunciou tarifas abrangentes que posteriormente foram flexibilizadas para setores estratégicos. No entanto, considerando a distante relação política entre os dois governos, o canal de negociação pode ser mais restrito”, comentou Pletes.
O foco agora está em saber se o governo brasileiro agirá de forma pragmática, separando assuntos políticos da economia, para resguardar setores estratégicos e analisar os impactos diretos sobre empresas listadas.
De acordo com a Nomad, “esta nova estratégia tende a incrementar a incerteza sobre o panorama econômico com o aumento consequente da volatilidade nos mercados”.
“Dado o histórico, analistas e agentes econômicos provavelmente especularão sobre a credibilidade destas novas medidas. Será que desta vez será definitivo ou é mais uma manobra para estimular negociações que até então foram limitadas a poucos países?”, declara o economista-chefe, Danilo Igliori.
Quais as perspectivas para os mercados?
Os especialistas antecipam uma reação bastante adversa nos mercados nesta quinta-feira (10), com desvalorização do real, elevação nas taxas futuras e queda expressiva do Ibovespa.
“O comportamento dos mercados futuros, especialmente do câmbio, já sugere um agravamento a curto prazo. Contudo, pode haver uma recuperação nos dias seguintes, caso surjam indícios de negociações para reduzir esta taxa”, afirmou o economista-chefe da Monte Bravo, Luciano Costa.
A ampliação de incertezas e da volatilidade também deverá se refletir nos ativos brasileiros.
A Ativa Investimentos pontua que, além do impacto direto no potencial nível de atividade econômica brasileira, “a ação adiciona um novo fator de aversão ao risco para ativos locais, intensificando a volatilidade e, possivelmente, demandando revisões nos fluxos de caixa e valuation para empresas com maior exposição ao mercado norte-americano”.
Segundo analistas da corretora, o anúncio deverá pressionar ativos de renda variável no país e especialmente os sujeitos à exportação para os EUA.
Fonte: Money Times