O ganho médio do empregado brasileiro atingiu R$ 3.378, a quantia mais alta já registrada desde 2012, quando teve início a série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados foram apresentados hoje, e indicam que, em um ano, houve um aumento de 3,6% na remuneração dos trabalhadores. O antigo recorde era do trimestre finalizado em janeiro de 2025, com R$ 3.365.
Os valores são ajustados pela inflação, o que significa que consideram a taxa de inflação acumulada no período, possibilitando uma comparação precisa do poder de compra do empregado.



A pesquisa do IBGE analisa o desempenho no mercado de trabalho para pessoas a partir de 14 anos e engloba todas as formas de ocupação, como emprego formal ou informal, temporário e autônomo, entre outros. O estudo revelou que, no trimestre encerrado em fevereiro, a taxa de desemprego foi de 6,8%.
Formalidade aumenta a renda
A responsável pela pesquisa, Adriana Beringuy, destaca que parte do recorde no rendimento médio pode ser explicada pela diminuição da informalidade no mercado de trabalho.
A proporção de trabalhadores informais ─ aqueles sem direitos assegurados como férias, contribuição previdenciária e 13º salário ─ registrou uma “ligeira redução”, caindo para 38,1% da população ocupada. No trimestre encerrado em novembro de 2024, estava em 38,7%.
“Se hoje, na minha população ocupada, eu conto com uma maior quantidade de funcionários formais do que anteriormente, é esperado que esta média [de rendimento] aumente, visto que, de forma geral, os empregados formais possuem uma remuneração superior aos informais”, explica.
A pesquisadora também aponta que o número total de trabalhadores ficou em 102,7 milhões de pessoas, 1,2% menor do que no trimestre encerrado em novembro, com o segmento administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais sendo responsável pela redução de 468 mil ocupações.
Beringuy salienta que esse dado reflete um comportamento sazonal da administração pública, que demite temporários no início do ano. “Foi o setor público com os salários mais baixos, ou seja, os contratos temporários”, afirmou ela, referindo-se aos trabalhadores da educação básica. Assim, com a dispensa de pessoas que recebem salários menores, a remuneração média tende a aumentar.
O aumento do salário mínimo para R$ 1.518, no começo do ano, foi outro fator que contribuiu, em menor escala, para o recorde na remuneração do empregado.
Segundo Beringuy, o aumento serve como referência salarial mesmo para os trabalhadores sem registro em carteira. “O salário mínimo é um indicador importante no mercado de trabalho, especialmente entre os trabalhadores autônomos”.
Soma dos salários
Outro dado recorde apontado pelo IBGE é a massa salarial, que atingiu R$ 342 bilhões. Esse montante corresponde à soma de todos os valores recebidos pelos trabalhadores e tem um impacto significativo na economia. Em um ano, esse total teve um crescimento de 6,2% (mais R$ 20 bilhões).
Contribuição para a previdência
De acordo com o IBGE, o trimestre finalizado em fevereiro de 2025 contava com 67,6 milhões de trabalhadores contribuindo para a previdência social. Esse número não engloba apenas empregados com carteira assinada. “Pode haver um trabalhador autônomo contribuindo para a previdência”, exemplifica Beringuy.
Esse grupo representa que 65,9% dos ocupados contribuíam para fundos previdenciários, o maior percentual desde o trimestre encerrado em julho de 2020 (66,1%).
“A redução da informalidade e, consequentemente, a ampliação da parcela de trabalhadores formais contribuíram para esse aumento na cobertura previdenciária”, explica a coordenadora do IBGE.
O ápice da contribuição para a previdência foi em junho de 2020 (66,5%).
Fonte: Agência Brasil