Os juros dos Depósitos Interfinanceiros encerraram em elevação consistente hoje, com investidores aumentando as expectativas de que o BC irá realizar uma alta extra de 25 pontos-base da Taxa Selic em junho, devido a uma interpretação de que as últimas declarações das autoridades do órgão estão mais conservadoras.
Apesar de não ter ocorrido um evento específico hoje, profissionais consultados pela agência de notícias Reuters indicaram que a percepção do mercado mudou recentemente, levando os agentes a se reposicionarem.
No final da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 14,9%, em comparação aos 14,82% do dia anterior. Já a taxa para janeiro de 2027 subiu para 14,36%, representando um aumento de 15 pontos-base em relação aos 14,212% anteriores.




Nos contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 fechou em 13,91%, um acréscimo de 14 pontos-base em relação aos 13,77% anteriores, enquanto o contrato para janeiro de 2033 registrou taxa de 13,95%, em comparação aos 13,813% anteriores.
Os juros futuros tiveram um movimento de alta no Brasil ao longo do dia, enquanto os rendimentos dos Treasuries oscilaram no território negativo no exterior durante parte da manhã.
Segundo análise de Lais Costa, da Empiricus Research, a mudança se baseou na expectativa de que o BC elevará a Selic em 25 pontos-base neste mês, uma perspectiva diferente do que estava sendo precificado até alguns dias atrás.
“Houve uma mudança no sentimento dos tomadores de risco. Os economistas da equipe mudaram claramente de opinião sobre o Copom”, afirmou Costa, atribuindo parte dessa mudança ao discurso recente do presidente do BC, Gabriel Galípolo.
De fato, na última segunda-feira, Galípolo afirmou, durante um evento em São Paulo, que o Comitê de Política Monetária (Copom) continua debatendo o aumento da Selic — e não o início do ciclo de cortes da taxa básica, atualmente em 14,75% ao ano.
Para alguns agentes, esse discurso reforçou a possibilidade de mais uma elevação de 25 pontos-base.
De acordo com um operador de um grande banco de investimentos, durante as reuniões fechadas com membros do BC, os agentes de mercado também não têm gostado do tom das autoridades, o que explicaria a mudança das apostas de estabilidade para alta de 25 pontos-base.
O mercado de opções do Copom da B3 reflete claramente esse processo de mudança de apostas.
Há pouco mais de uma semana, em 27 de março, a precificação indicava 83,00% de chance de manutenção da Selic neste mês e 14,50% de probabilidade de aumento de 25 pontos-base.
Nessa quarta-feira, na atualização mais recente, a precificação das opções apontava 53,25% para manutenção e 44,50% para aumento de 25 pontos-base.
“A tendência de um aumento de 25 pontos-base ganhou força, especialmente devido à abordagem cautelosa adotada por Galípolo”, ressaltou o diretor de renda fixa da Manchester Investimentos, Rafael Sueishi.
No Brasil, os investidores também estão acompanhando de perto as discussões em Brasília sobre medidas fiscais que podem substituir o aumento das alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), mas não houve novidades no noticiário de hoje.
No exterior, os rendimentos continuaram em alta durante a tarde, com as taxas de curto prazo se destacando.
Por volta das 16h49, o rendimento do Treasury de dois anos, que reflete as expectativas para as taxas de juros de curto prazo, subiu 5 pontos-base, para 3,928%. Enquanto isso, o retorno do título de dez anos, referência global para decisões de investimento, aumentou 3 pontos-base, para 4,399%.
Fonte: Money Times