A manufatura nacional desapontou as previsões e experimentou redução na produção em fevereiro, alcançando o quinto mês consecutivo sem expansão, em um contexto de taxas de juros restritivas para a atividade.
A manufatura registrou em fevereiro uma queda de 0,1% em relação ao mês anterior, apresentando um aumento de 1,5% em comparação com o mesmo mês do ano anterior, de acordo com os dados publicados nesta quarta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Este declínio ocorre após a estagnação da atividade em janeiro e três meses consecutivos de retração no final do ano passado. Com esses resultados, a produção industrial está 15,7% abaixo do ponto mais alto da série histórica, alcançado em maio de 2011, conforme relatado pelo IBGE.



Os números de fevereiro ficaram muito aquém das expectativas da pesquisa da Reuters, que previa um aumento de 0,4% na comparação mensal e de 2,1% em base anual.
“O desempenho negativo da manufatura em fevereiro confirma o padrão de menor intensidade da produção industrial nos últimos meses. Este é o quinto mês consecutivo sem crescimento, com uma queda acumulada de 1,3% neste período, revertendo o avanço de 1,0% registrado em agosto e setembro de 2024”, destacou André Macedo, responsável pela pesquisa no IBGE.
Prevê-se que o setor industrial perca força em 2025, em linha com a desaceleração gradual esperada para a economia brasileira, de acordo com analistas.
Isso ocorre num cenário de taxas de juros elevadas por um longo período, além da taxa de câmbio e da inflação em alta.
O Banco Central manteve no mês passado o esperado aumento nas taxas de juros, elevando a Selic em 1 ponto percentual, para 14,25% ao ano, e indicou um ajuste de menor magnitude para a reunião de maio.
Os dados da pesquisa sobre a indústria mostraram que em fevereiro houve uma disseminação de taxas negativas entre as atividades.
“Esta redução no dinamismo da indústria está relacionada à diminuição dos níveis de confiança das famílias e dos empresários, explicada, em grande parte, pelo aperto na política monetária, pela depreciação cambial (aumentando os custos de produção) e pela alta da inflação (especialmente dos alimentos, o que impacta na renda disponível das famílias)”, complementou Macedo.
Na comparação com janeiro, os principais impactos negativos foram observados nos setores de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-12,3%), máquinas e equipamentos (-2,7%), produtos de madeira (-8,6%), produtos diversos (-5,9%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-0,7%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-1,4%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-1,5%) e móveis (-2,1%).
No que diz respeito às categorias econômicas, a produção de Bens de Consumo teve uma queda de 1,3%, com apenas os Bens de Consumo Duráveis registrando uma queda de 3,2%. Os Bens de Consumo Semi e não Duráveis caíram 0,8%.
Por outro lado, as indústrias de Bens de Capital e de Bens Intermediários apresentaram aumentos de 0,8% cada na produção.
Fonte: Crypto Money