Alimentação e bebidas, meios de transporte, e ainda saúde e higiene pessoal, devem auxiliar na manutenção do ritmo de desaceleração da variação de preços em junho, analisa a estrategista da Warren Investimentos, Andréa Angelo.
A previsão do mercado, de acordo com a média das projeções colhidas pelo Money Times, é de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) aumente 0,31% neste mês, em comparação com a elevação de 0,36% em maio. No período de 12 meses, a prévia da variação de preços deve crescer para 5,32%.
A Warren — que estima uma elevação de 0,31% do índice no mês e de 5,32% em um ano — justifica que a diminuição em alimentos e bebidas deve ter como explicação a redução no componente da alimentação em casa. A empresa prevê um aumento de 0,03% do grupo na prévia de junho, representando uma desaceleração de 0,36% em relação a maio.


A redução em aves e ovos é o ponto central, devido ao excesso de oferta nacional decorrente da gripe aviária, com previsão de -1,02%. Por outro lado, é esperado que as carnes subam, refletindo o preço da carne bovina. Já os produtos frescos devem continuar em queda, impulsionados pela diminuição de 3,0% das frutas.
A tendência de valorização do câmbio também pode afetar alguns subitens da variação de preços. A Warren, inclusive, alterou a previsão de taxa de câmbio de R$ 5,90 para R$ 5,58 ao final de 2025.
A estrategista destaca que, em maio, ocorreu uma redução nos preços de aparelhos eletroeletrônicos e produtos de higiene pessoal. Prevê-se que esses movimentos continuem em junho, com uma taxa de variação negativa de 0,62% no grupo de eletrônicos e uma desaceleração para 0,16% na variação de preços dos produtos de higiene pessoal.
“Esses dois grupos, geralmente sensíveis ao contexto internacional, devem ajudar a aliviar parcialmente a variação de preços de bens duráveis e semiduráveis neste mês”, afirma Angelo.
No setor de transportes, a expectativa é de um ligeiro aumento de 0,12%, reflexo da combinação de pressões em direções contrárias. Por um lado, prevê-se um aumento de 8,00% nas passagens aéreas, após a significativa queda de -11,18% observada em maio. Por outro lado, é esperado que o preço da gasolina exerça pressão para baixo, com uma taxa de variação negativa estimada em 0,72%.
“O efeito líquido desses movimentos opostos deve manter o grupo com uma variação modesta, contribuindo de forma neutra para o índice geral entre as duas leituras”.
Já o segmento de saúde e higiene pessoal deve passar de 0,91% em maio para 0,35% em junho, refletindo a dissipação parcial do impacto do aumento anual dos medicamentos, tradicionalmente aplicado em maio.
O setor de habitação, por sua vez, deve acelerar para 1,21% no mês. O principal fator responsável por essa mudança é a energia elétrica, que tem uma previsão de aumento de 3,24%. A alteração é devida à implementação da bandeira tarifária vermelha patamar 1, que adiciona um custo adicional às contas de luz. “Para julho, esperamos a bandeira vermelha 2”.
Angelo também ressalta que o setor de serviços essenciais continua sendo uma das principais áreas de foco. Após o aumento de 0,45% registrado no IPCA-15 de maio, a estimativa para junho é de um aumento de 0,52%, sinalizando a persistência da inflação nesta categoria qualitativa.
Fonte: Money Times