Os setores imobiliário e do agrobusiness foram surpreendidos nesta segunda-feira (9), após a determinação do governo nacional de tributar em 5% os lucros de Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agrobusiness (LCA).
Dos fundos destinados ao financiamento rural, as LCA representam 43% desse total, e em abril, totalizaram R$ 559,9 bilhões.
Conforme David Télio, gerente de novas estruturas financeiras da TerraMagna, a determinação de taxar as LCA, o único meio mais eficaz e rápido de obter fundos para o agrobusiness através de bancos com isenção de IR, pode agravar ainda mais a situação atual de limitações de crédito, devido à fuga de investidores.



“Isso ocorre em um período em que prevemos um Plano Safra muito mais dispendioso para o produtor comercial, além do sinal de dificuldades com juros equalizados para o setor. O maior desafio será incentivar o investidor a adquirir ativos do LCA e manter os volumes atuais. Até agora, as emissões de LCA aumentaram em quantidade e vigor devido aos incentivos”, explica.
Taxação para LCA impacta trabalho ‘dentro da propriedade’
Para Télio, a decisão do Governo pode levar os recursos a migrarem para outros ativos, o que pode impactar os volumes atuais do setor.
“Os investidores comparam o retorno atual das LCA com o mercado de FIDC, CDB, ações da Bolsa de Valores e outros ativos. O maior risco está nas escolhas do produtor rural: adquirir menos insumos, reduzir a produtividade, diminuir a área cultivada e devolver terras arrendadas. O produtor acaba não conseguindo repassar esses custos adicionais de financiamento”.
O gerente da TerraMagna alerta que o mercado já aguarda a tributação de todos os ativos incentivados a partir de janeiro de 2026, como LCA, CRA, LCI, CRI e Fiagros.
“Esse efeito em cascata certamente terá um impacto indireto na inflação e agravará ainda mais o quadro de aumento dos juros”.
Fonte: Money Times