A situação dos encargos no Brasil não deve causar grandes sentimentos na decisão da semana seguinte – nem nas próximas quatro a seis assembléias – do Comitê de Política Monetária (Copom), menciona Rodrigo Azevedo, sócio da Ibiuna Investimentos.
Durante o evento Expert XP, o antigo diretor de Política Monetária do Banco Central declarou que o Copom deve manter a taxa Selic em 15%, deixando claro que só reduzirá juros novamente quando tiver certeza de que a inflação está verdadeiramente convergindo para o objetivo.
Os dirigentes também devem manter a ideia de que possíveis elevações seguem em consideração, visando controlar a curva de encargos futuros. Contudo, para haver alteração na situação atual da Selic, algo “muito errôneo” deve ocorrer, afirmou Azevedo.



Carlos Woelz, parceiro da Kapitalo Investimentos, manteve uma postura cautelosa semelhante, porém ressaltou o custo de manter encargos elevados em uma nação com endividamento alto. Para ele, a taxa real atual dificulta a estabilização da dívida pública, representando um risco significativo.
Um dos aspectos que mais causa preocupação, segundo Woelz, é o fato de a economia brasileira ainda não apresentar sinais claros de desaceleração, mesmo diante do aperto monetário intenso. Isso pode reabrir a discussão sobre a urgência de ajustes fiscais estruturais.
Azevedo destacou um “culpado comum” para a decepcionante eficácia da política monetária: o fiscal. Segundo ele, elementos como a reversão da reforma trabalhista, o aumento dos gastos públicos e a reintrodução de linhas de crédito subsidiado estão contribuindo para diminuir a efetividade dos encargos elevados no controle da inflação.
Por outro lado, Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos, salientou que a extensão dos cortes na Selic dependerá da visão das contas públicas. Ele ressaltou que a sustentabilidade fiscal será o principal fator para qualquer flexibilização monetária adicional.
Para 2026, as projeções indicam uma Selic ainda alta. Woelz prevê a taxa em 11% ao ano, Rodrigo Azevedo enxerga o índice básico em 13%. Megale adota uma posição intermediária, estimando a Selic em 12,5%.
Fonte: Money Times