Neste dia de terça-feira (1) a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deu o aval para um reajuste tarifário médio de 13,94% destinado à Enel São Paulo.
A empresa representativa corresponde aproximadamente a 80% da amostra estudada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no território e é encarregada por perto de um terço (33%) do peso do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
De acordo com a Warren Investimentos, a atualização deve gerar um efeito potencial na taxa de inflação de julho, podendo alcançar até 10 pontos-base (bps).



Apesar da aprovação plena do reajuste, a projeção da Warren Investimentos prevê um aumento mais contido, de 7,3% nesse ciclo.
“Com essa circunstância, a estimativa do impacto no IPCA de julho fica em 4 bps, elevando a expectativa do mês de 0,25% para 0,30%. No acumulado do ano, a previsão passou de 4,91% para 4,95%”, sublinha a corretora.
Para os especialistas, o reajuste validado reflete, em larga medida, o acréscimo de 30% no encargo da CDE USO, que financia, dentre outros itens, a tarifa social de eletricidade.
“Embora o benefício tenha alcançado cerca de 60 milhões de famílias, a despesa adicional é transferida para os consumidores cativos com consumo acima de 120 kWh mensais, pressionando as tarifas do restante da população”, concluem.
Inflação: O que ocasionou o reajuste tarifário médio da Aneel?
O reajuste tarifário, feito de forma anual, passa a vigorar a partir dessa sexta-feira (4).
Segundo a Aneel, a aprovação foi influenciada principalmente pela elevação de custos que não estão sob responsabilidade nem são gerenciáveis pela empresa. Deste modo, esses fatores – definidos por regulamentação federal – somados aos custos de transmissão e impostos federais e estaduais, têm impacto direto no valor final da conta, independentemente da atuação da distribuidora.
Enquanto os consumidores de baixa voltagem (residências e pequenos comércios) enfrentarão um acréscimo tarifário de 13,26%, os clientes conectados em alta voltagem (indústrias, shoppings e grandes unidades) sofrerão elevação de 15,77%.
No desdobramento do efeito médio de 13,94%, os encargos setoriais contribuíram com 6,44%, seguido de -0,52% em custos de transmissão e 1,38% na aquisição de energia. As consequências dos custos da distribuidora representaram apenas 1,02%.
A estrutura da atualização tarifária é constituída por duas parcelas principais:
Hugo Lamin, diretor de Regulamentação da Enel Brasil, destaca que a empresa não tem a responsabilidade de estabelecer o valor final cobrado na fatura de energia.
“É crucial esclarecer que a Enel SP não estabelece as tarifas cobradas. Elas são reguladas pela ANEEL, com base em critérios técnicos e legais. A maior parte da conta de energia é composta por custos que vão além da distribuição e incluem valores repassados aos setores de geração e transmissão, além dos impostos e encargos repassados aos governos federal e estadual”, esclareceu.
Segundo Lamin, do montante arrecadado pela Enel SP, apenas 22,1% correspondem à parte da própria distribuidora.
Além disso, é importante ressaltar que a Aneel determinou que a bandeira tarifária de julho continuará sendo vermelha patamar 1.
A decisão foi tomada diante do cenário de chuvas abaixo da média em todo o país, ocasionando a redução na geração de energia por hidrelétrica (mais econômica) — o que se traduz em um aumento de R$ 4,463 a cada 100 kWh consumidos.
Fonte: Money Times